Felipe Neto cria frente de advogados para defender pessoas processadas por criticarem Bolsonaro
Felipe Neto criou frente de advogados para atender gratuitamente pessoas processadas por criticarem o governo
Iniciativa surgiu após youtuber ser intimado a depor por chamar Bolsonaro de "genocida"
Participam da frente os advogados André Perecmanis, Augusto de Arruda Botelho, Davi Tangerino e Beto Vasconcelos
O youtuber Felipe Neto criou uma iniciativa para defender gratuitamente pessoas que forem processadas por criticarem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O projeto nasceu após o próprio produtor de conteúdo ser intimado a depor por chamar o presidente de "genocida". A denúncia foi feita pelo filho de Bolsonaro, o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo a intimação, Felipe Neto estaria enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
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A frente de advogados chamada “Cala-Boca Já Morreu” será formada por três escritórios, dos advogados André Perecmanis, Augusto de Arruda Botelho e Davi Tangerino. Beto Vasconcelos também faz parte da equipe. A ideia é contemplas ações criminais, cíveis e administrativas.
Qualquer pessoa que não tenha advogado poderá usufruir do serviço.
“A liberdade de expressão no Brasil está sob ataque de violentos inimigos da democracia. Querem intimidar e silenciar a todos aqueles que criticam autoridades públicas, eleitas pelo povo, e que exercem o poder que têm em nome desse mesmo povo. E para isso, se armam da Lei de Segurança Nacional, herança do passado mais terrível e assombroso do país: a ditadura militar”, disse Augusto de Arruda Botelho.
“O Cala-Boca Já Morreu será um grupo da sociedade civil que vai lutar contra o autoritarismo e que será movido pelo princípio de que quando um cidadão é calado no exercício do seu legítimo direito de expressão, a voz da democracia se enfraquece. Não podemos nos calar. Não podemos deixar que nos calem e não vamos”, finaliza Felipe Neto, idealizador do projeto.
Apoio do PT
Após Felipe Neto divulgar um vídeo relatando o ocorrido, ele recebeu a solidariedade do ex-presidente Lula (PT). O ex-candidato à presidência, Fernando Haddad, também criticou a intimação de Felipe Neto.
Outros casos
Felipe Neto não foi a única pessoa a enfrentar problemas na Justiça por criticar o presidente Jair Bolsonaro. Um sociólogo, no Tocantins, pode ser investigado pela Polícia Federal por fazer outdoors criticando o presidente.
Pequi roído
O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, acionou a Polícia Federal para que se abra uma investigação por duas placas de outdoor com críticas ao presidente Jair Bolsonaro em Palmas, no Tocantins.
Em uma das placas é possível ler a frase "Cabra à toa, não vale um pequi roído. Palmas quer impeachment já!". Pequi é um fruto nativo do cerrado brasileiro, muito utilizado na culinária sertaneja. A outra placa dizia: "Aí mente! Vaza Bolsonaro, o Tocantins quer paz".
Herói Nacional
A Polícia Militar de Minas Gerais rastreou e prendeu um jovem de 24 anos por publicações em uma rede social em que comentava sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro a Uberlândia. O caso aconteceu no início do mês de março.
Um dia antes da visita, João Reginaldo Silva Júnior escreveu em seu perfil no Twitter, com cerca de 150 seguidores: "Gente, Bolsonaro em Udia [Uberlândia] amanhã...Alguém fecha virar herói nacional?". Ele foi solto horas depois.