EUA começa a aplicar plano de incentivo à fabricação de semicondutores
Os Estados Unidos começaram a aplicar nesta terça-feira (28) a Lei de Microchips e Ciência (CHIPS and Science Act) para assumir a liderança na produção de semicondutores, impondo que empresas nacionais e estrangeiras subsidiadas não poderão investir na China e na Rússia.
O objetivo de Washington é voltar a ter um lugar dominante nessa estratégica indústria, concentrada principalmente na Ásia, sobretudo na China.
Para ganhar espaço, os Estados Unidos oferecem subsídios astronômicos: quase 40 bilhões de dólares (cerca de 208,9 bilhões de reais) para "construir, expandir e modernizar" as ferramentas industriais necessárias, informou o Departamento de Comércio em nota.
"É uma iniciativa essencialmente a favor de nossa segurança nacional", insistiu a secretária de Comércio, Gina Raimondo, em entrevista à imprensa por telefone.
Segundo Raimondo, o objetivo é garantir que os Estados Unidos sejam o único país onde estejam localizadas todas as empresas capazes de produzir chips de última geração em grande escala.
No entanto, a lei condiciona os subsídios a vários critérios. Os beneficiados não poderão, por exemplo, fazer novos investimentos em "países de preocupação" por dez anos. Entre eles, se destacam a China, principal parceiro comercial de muitos países latino-americanos, além de Rússia, Coreia do Norte e Irã.
Se estas empresas "não responderem às nossas expectativas em matéria de segurança nacional, não apoiaremos seus projetos", insistiu Raimondo. "Terão que respeitar as normas de controle de exportações".
Estas regras afetam atualmente a várias empresas chinesas, incluindo a gigante das telecomunicações Huawei. Os Estados Unidos controlam estritamente as exportações de semicondutores a Pequim e, em alguns casos, as proíbem.
O plano não só tem como objetivo transformar os Estados Unidos em um polo de produção de semicondutores, mas também prevê benefícios para os funcionários dessas empresas.
Entre as medidas impostas às subsidiadas, a lei prevê o pagamento de impostos por potenciais super benefícios, treinamentos de funcionários e instituição de creches.
"Necessitamos aumentar a mão de obra neste setor" e a falta de creches impede que muitas pessoas trabalhem nesta indústria, explicou Raimondo.
Aprovada no final de julho, a lei dos chips prevê um total de 52 bilhões de dólares (cerca de 271,6 bilhões de reais) para relançar a produção de semicondutores, graças, principalmente, à implantação de centros de produção em muitos estados americanos.
Vários grupos como os americanos Micron, AMD e Nvidia anunciaram investimentos substanciais neste setor. O líder mundial, o taiwanês TSMC, construirá uma fábrica no Arizona (oeste), por um investimento total de 40 bilhões de dólares (cerca de 210 bilhões de reais).
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