Pais deixam de poupar para aposentadoria por bancar filhos adultos

Por Kristin Myers
Metade dos norte-americanos, com filhos maiores de 18 anos “sacrificaram ou estão sacrificando” sua própria aposentadoria para ajudar a sustentar filhos adultos, constatou uma nova pesquisa do Bankrate.
Os resultados vêm de um relatório que analisa a idade que uma pessoa acredita que deve começar a pagar suas próprias contas. O Bankrate descobriu que os pais estão pagando por uma grande variedade de contas - desde cartões de crédito até empréstimos estudantis e aluguel.
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A pesquisa também descobriu que, entre os grupos etários mais jovens, há a crença de que certos gastos devem ser deixados para quando ficarem mais velhos.
Por exemplo, os membros da Geração Z (entre 18 e 22 anos) participantes da pesquisa acham que não precisam assumir um gasto tão alto como o de um plano de saúde antes dos 24 anos. A 'Geração Silenciosa' (com mais de 74 anos) respondeu que gastos com plano de saúde devem começar aos 22 anos.
Enquanto isso, os Baby Boomers (entre 55 e 73 anos), em geral, acreditavam que uma pessoa deve assumir a responsabilidade por suas contas mais importantes assim que completarem 18 ou 19 anos.
Quanto mais cara a conta, maior a discrepância entre as respostas dada por cada faixa etária, segundo o estudo Bankrate.
‘Golpe em dobro’
A descoberta mais preocupante do estudo Bankrate, no entanto, mostrou que os pais estão arriscando a poupança para a aposentadoria - para continuar apoiando financeiramente seus filhos.
Enquanto 60% dos pais com renda mais alta (80 mil dólares anuais ou mais) tinham mais probabilidade de colocar a poupança da aposentadoria em risco, quase 20% dos que ganhavam menos de $50 mil não economizavam nada, mostrou o estudo.
“Há uma enorme crise de aposentadoria neste país. Fizemos outras pesquisas nas quais descobrimos que 1 em cada 5 americanos não está nem economizando para a aposentadoria. Muita responsabilidade recai sobre o consumidor e muitos nem sabem quanto precisam economizar”, explicou Kelly Anne Smith, analista do Bankrate.
Banco da mamãe e do papai
Com um mercado de trabalho abundante e salários em alta nos EUA, alguns questionam por que a Geração Y e a Geração Z estão confiando no "Banco da mamãe e do papai". Segundo Smith, o atraso da entrada na força de trabalho é parcialmente culpado por isso.
“A educação está ficando mais cara e eles não estão recebendo aquele impulso imediato para entrar no mercado de trabalho logo depois que saem da faculdade. Então não estão entrando no mercado de trabalho de imediato como as gerações anteriores”, diz Smith.
E apesar do crescimento salarial, Smith explica que os millennials sofreram muito após a recessão. "Há uma realidade econômica muito diferente para eles. Nem todos conseguem lidar com isso sozinhos.”
“Ironicamente, conseguir diplomas avançados - que normalmente se traduzem em empregos com salários mais altos - também faz com que alguns adultos dependam de seus pais por mais tempo”, afirma a analista.
Com uma crise da dívida estudantil de US$1,5 trilhão e pagamentos médios crescentes, Smith sugeriu que a dívida do empréstimo estudantil "tem uma peso muito grande nesse problema".
Colocando o dedo na ferida
Os pais podem pensar que estão fazendo a coisa certa para seus filhos, mas Smith afirma que ajudar seus filhos financeiramente por muito tempo não é bom para eles, a longo prazo.
Com as contas de aposentadoria em risco, é essencial que os pais tenham uma conversa com os filhos e criem um "plano de ação", independentemente do quão desconfortável seja a conversa.
"O mais importante é que os pais se coloquem em primeiro lugar, devido à crise da aposentadoria", acrescentou Smith. "Trata-se de um compromisso inicial, para que se possa avançar para algo que os proporcione um futuro mais confortável ".