"Esta é uma grande derrota para a oposição"
Houve expetativa e ansiedade na Turquia. As eleições deste domingo, para escolher o novo presidente e a composição do parlamento, poderiam ter decidido um novo rumo para o país. Mas nada ficou decidido. Recep Tayyip Erdogan, e Kemal Kiliçdaroglu não conseguiram obter 50 por cento dos votos e voltam defrontar-se daqui a duas semanas.
Para Arda Tunca, economista, "esta é uma grande derrota para a oposição, e é por isso que talvez alguns dos membros da Aliança Nacional se vão separar da aliança".
As sondagens davam a Kiliçdaroglu uma ligeira vantagem sobre Erdogan – que ocupa a presidência há quase 20 anos.
Depois das eleições deste domingo, os meios de comunicação social turcos foram mais uma vez criticados pela influência pró-governo e os observadores condenaram a falta de informação fiável e as condições injustas para os partidos e candidatos.
Ilke Toygür, professora de Geopolítica Europeia, diz que "não existiam meios de comunicação social livres, nem um sistema judicial independente. Os recursos do Estado são utilizados a favor do partido no poder e o sistema eleitoral é alterado frequentemente". "Se tivermos em conta todos estes fatores, podemos compreender um pouco melhor porque é que as sondagens não foram necessariamente assertivas nas eleições turcas", sublinha.
Os líderes ocidentais estão atentos e sabem que os resultados das eleições na Turquia têm grandes implicações internacionais. As relações entre Erdogan e a União Europeia são tensas. Em 2018, o bloco congelou as negociações de adesão da Turquia em resposta ao que chamou de "retrocesso do país no Estado de direito e nos direitos fundamentais". Kiliçdaroglu já prometeu restaurar as relações com os aliados da Turquia na NATO.
Para Arda Tunca, "espiritualmente, o país já não faz parte da NATO. Está alinhado com a Rússia, com a China e com outros países de Leste"
A Turquia tem sido duramente atingida por uma crise de custo de vida, com os dados mais recentes a situarem a inflação em cerca de 44%. O Governo de Erdogan também enfrentou reações negativas devido à lentidão com que reagiu aos terramotos de fevereiro, que devastaram 11 províncias do sul.