Escassez de chuvas impediu crescimento econômico, segundo FGV
Se nível de chuvas seguisse média histórica, o PIB brasileiro cresceria 5 vezes mais, diz FGV;
Com aumento de recursos hídricos, o crescimento poderia ser de 2% ao ano;
Responsável pelo estudo diz que efeito é causado por "má sorte" e "políticas ruins";
Um estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) nesta quarta-feira (17), conclui que se o nível de chuvas no Brasil nos últimos dez anos tivesse seguido a média histórica de 1980 a 2019, de 1.457 mm, o Produto Interno Bruto (PIB) médio anual do país teria crescido cinco vezes mais, segundo relatou a pesquisa reproduzida pela CNN Brasil.
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O fato acontece porque o Brasil depende muito da água como insumo produtivo para a manutenção e crescimento da economia: 70% da energia fornecida vem das hidrelétricas e o setor agropecuário tem uma das maiores fatias do PIB. O Produto Interno Bruto brasileiro cresceu em média 0,4% ao ano de 2012 a 2021, e com o aumento do recurso hídrico, segundo a FGV, esse valor poderia ter chegado a 2% ao ano.
Responsável pelo estudo diz que efeito é causado por "má sorte" e "políticas ruins"
O macroeconomista e responsável pelo estudo, Bráulio Borges, foi entrevistado pela CNN Brasil e explicou que de 2012 a 2021, o Brasil teve uma “década perdida” em termos de desempenho do PIB. Isso porque além do fim do superciclo de commodities em 2011 – alta dos preços de exportações, que gerou um maior rendimento dos exportadores e, por fim, aumento das receitas fiscais do Estado, passando de R$ 166 bilhões em 2000 para R$ 386 bilhões em 2011 -, as chuvas ficaram muito abaixo da média.
A média histórica era de 1.457 mm ao ano, e desde 2012, a média de chuvas anual em milímetros ficou abaixo desse valor. “O Brasil depende muito da água como insumo produtivo, muito mais do que outras economias. Nos últimos dez anos, 70% da energia fornecida veio das hidrelétricas. O setor agropecuário também tem impacto muito grande na economia brasileira. E ambos dependem de recurso hídrico”, concluiu Borges na entrevista a CNN Brasil.
De acordo com a análise da pesquisa divulgada pela FGV, dois fatores podem ter resultado nessa estagnação de crescimento na última década: “má sorte”, o que consiste em fatores externos e que escapam do controle, e por fim, as “políticas ruins”, baseadas nas decisões econômicas e de políticas públicas tomadas pelo Estado no período.
Para Borges, a situação do Brasil é uma mistura desses dois fatores. “Podemos dizer que é má sorte, por ser um fator externo, mas abre margem para a gente questionar o fato de o Brasil e o mundo terem negligenciado a questão ambiental. Os países que mais perdem com a mudança climática, e isso está em diversos estudos, são os que estão abaixo da linha do equador”, concluiu o pesquisador à CNN Brasil.