Emissário chinês busca solução para o conflito na Ucrânia

Explosão em Kiev na madrugada de 16 de maio de 2023
Explosão em Kiev na madrugada de 16 de maio de 2023

Um emissário chinês prossegue nesta quarta-feira (17) em Kiev as tentativas de obter uma solução política para o conflito com a Rússia e pode ter uma reunião com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que deseja o uso da influência de Pequim sobre Moscou.

"É possível que aconteça um encontro durante a tarde entre o presidente ucraniano e Li Hui", informou à AFP uma fonte do governo ucraniano que pediu anonimato.

O encontro seria a primeira reunião pública entre Zelensky, que estimula Pequim a pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, e um funcionário de alto escalão do governo chinês desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

De acordo com Pequim, Li Hui, representante especial para Assuntos da Europa e Ásia e que já foi embaixador em Moscou, tem a missão de buscar uma "solução política" para o conflito ucraniano.

Depois de Kiev, o emissário chinês visitará Polônia, França, Alemanha e Rússia.

A China, aliada de Moscou, não condenou publicamente a invasão russa da Ucrânia e apresentou um plano de 12 pontos para o fim da guerra, um projeto recebido com ceticismo pelo Ocidente.

O presidente chinês, Xi Jinping, se reuniu em março com Putin em Moscou, o que representou um apoio simbólico e uma demonstração de unidade diante do Ocidente.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Rudenko, afirmou na terça-feira que Li Hui visitará a Rússia no final do mês, de acordo com a agência de notícias TASS, sem revelar uma data precisa.

- "Fluxo de armas" -

A visita de dois dias a Kiev de Li Hui acontece depois que Zelensky retornou de uma viagem por vários países europeus com a promessa de novas entregas de armas, necessárias para o início de uma contraofensiva de grande envergadura.

O presidente ucraniano recebeu promessas de envios de mísseis antiaéreos, drones de ataque, blindados leves e abriu o caminho para a entrega de aviões, um pedido que Kiev repete há 15 meses.

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que seu país iniciará em breve o processo de treinamento de pilotos ucranianos. Reino Unido e Holanda anunciaram que pretendem estabelecer uma "coalizão internacional" para ajudar o exército ucraniano.

O envio de aviões ocidentais à Ucrânia, que seriam adicionados às aeronaves soviéticas já prometidas por Polônia e Eslováquia, seria uma vantagem para a Ucrânia, mas não uma solução milagrosa, de acordo com os analistas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, questionado nesta quarta-feira sobre as novas entregas, afirmou que é possível observar "que o fluxo de armas e munições para a Ucrânia está aumentando e que o nível de armas táticas e técnicas fornecidas também está aumentando".

- Bakhmut concentra as atenções -

No campo de batalha, a Ucrânia reivindicou pela primeira vez, na terça-feira, avanços territoriais nas imediações de Bakhmut, enquanto a Rússia espera concluir a conquista da localidade após vários meses de uma batalha extremamente violenta.

"Nos últimos dias, nossas tropas liberaram quase 20 quilômetros quadrados ao norte e ao sul da periferia de Bakhmut", anunciou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Ganna Maliar.

O avanço das tropas ucranianas não parece ser a contraofensiva de grande envergadura que Kiev anuncia há vários meses. Zelensky afirmou na semana passada que o país precisa de "um pouco mais de tempo".

A Rússia afirmou que avançou na área urbana de Bakhmut, uma cidade que está devastada pelos combates e que Moscou espera tomar após uma série de derrotas humilhantes.

De acordo com o fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, apenas 1,46 km2 da localidade resiste a seus combatentes, que estão na linha de frente da batalha.

A conquista de Bakhmut, no entanto, não teria grande importância estratégica para o futuro da guerra, de acordo com analistas.

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