Embate entre Fed e Wall Street promete fala hawkish de Powell
(Bloomberg) -- Jerome Powell e Wall Street caminham para outro confronto esta semana, com o Federal Reserve prestes a desacelerar sua campanha de combate à inflação, sem sinalizar que vai parar.
Apesar da série de aumentos de juros em 2022, um indicador das condições financeiras dos mercados nos EUA está em seu nível mais frouxo desde fevereiro do ano passado. Os investidores apostam que a inflação mais branda permitirá que o BC americano pare de aumentar o custo do dinheiro em breve, e comece a cortar ainda este ano.
Do ponto de vista de Powell, o posicionamento do mercado provavelmente é ilusório, e ele tem um incentivo claro para não dar o braço a torcer: ações e títulos em alta podem aumentar as pressões de preço que ele quer restringir.
Com esse pano de fundo, Powell deve buscar um equilíbrio entre um provável aumento de juros menor esta semana, de 0,25 ponto percentual, e uma mensagem hawkish de que a desaceleração não diminui seu compromisso de reduzir a inflação para 2%. Pode ser até que ele dê uma cutucada nos otimistas do mercado, se isso for necessário para defender seu ponto de vista.
“Ele pode simplesmente enviar uma mensagem hawkish”, disse Ethan Harris, chefe de pesquisa econômica global do Bank of America. “Não acho que ele vai querer que os mercados subam após esta reunião. Ele não quer jogar mais gasolina nesse tipo de rali otimista”.
Powell tem muitas vezes lutado para conseguir que os mercados acreditem no que ele diz.
Em julho, os investidores apostaram em uma guinada de política monetária após sua entrevista coletiva sobre a reunião de política monetária, embora ele tenha enfatizado a necessidade de continuar aumentando juros. Isso então deu origem a um discurso enfaticamente hawkish de Powell no mês seguinte, na conferência do Fed em Jackson Hole.
O Fed deve aumentar sua meta para a taxa de fundos federais em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 4,5% a 4,75%, após uma alta de meio ponto no mês passado e quatro aumentos consecutivos de 0,75. É a campanha de aperto monetário mais agressiva em quatro décadas.
--Com a colaboração de Catarina Saraiva.
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