Estudantes desenvolvem embalagem sustentável para delivery
Por Matheus Mans
Segundo estudo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), sistemas de delivery movimentam cerca de R$ 11 bilhões ao ano. São milhares de entregas feitas por dia em todo o Brasil, de todos os tipos de restaurante. E apesar do conforto que isso gera, há um fator preocupante: a quantidade de embalagens que são descartadas diariamente.
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Vendo isso, estudantes da Empresa Júnior da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), com a startup Re.pote, desenvolveram dentro dos laboratórios da instituição uma solução. São potes reutilizáveis que podem ser usados pelos clientes, ou então devolvidos aos restaurantes mediante a bonificação de desconto.
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“Vivemos num tempo em que não é mais aceitável usar canudinho e copo de plástico. Mas continuamos pedindo delivery de restaurantes que usam embalagens que não são nem um pouco sustentáveis”, contextualiza o pesquisador em economia circular e novas economias, Paulo de Souza. “É preciso achar algum material que una todas necessidades”.
O grande diferencial, além da possibilidade de reuso, está no material. O pote é feito de PET-PCR, que é um plástico reciclado, como o das garrafas de refrigerante. Por dentro, ele é revestido com uma camada fina de PET virgem para que a comida não tenha contato com o plástico reprocessado. No final, tudo isso pode ir no microondas.
Preço ainda é barreira
A única coisa que entra como entrave é o custo: com esse plástico mais resistente, o valor da embalagem se torna mais caro. No entanto, pesquisas conduzidas pela própria Empresa Júnior da USP, junto de restaurantes veganos, vegetarianos e saudáveis da região de Pinheiros, mostraram que isso não é um grande problema para o delivery e para clientes.
“Os donos de restaurantes se mostraram preocupados com a questão da sustentabilidade e disseram que pagariam um pouco mais pela embalagem”, afirma Lívia Leite de Almeida, diretora de gestão de pessoas. “E o cliente, enquanto isso, poderia optar por uma embalagem comum ou pela reutilizável na hora da compra, mediante uma pequena taxa. Pesquisas da Re.pote indicaram aprovação”, finaliza.
O grande desafio para a Re.pote é encontrar investimento para fazer a injeção de plástico no molde produzido pela Empresa Júnior e, assim, levar a embalagem para restaurantes interessados. Por enquanto, a ideia é fazer um teste de mercado com apenas uma das três embalagens desenvolvidas — tem para lanche, refeição e o específico de poke.
“Fizemos o projeto todo em três pessoas, indo desde o desenvolvimento do produto, passando pela formulação do material e até as pesquisas que conduzimos com restaurantes saudáveis de Pinheiros”, conta Lívia.