'É ilegal': petroleiros questionam nomeação de Paes de Andrade na Justiça
Aprovação de executivo para presidência da Petrobras contraria a Lei das Estatais;
Atualmente Paes de Andrade é secretário da Desburocratização no ministério da Economia;
Nomeação "é mais um puxadinho eleitoreiro de Bolsonaro”, disse presidente da FUP.
A aprovação do nome de Caio Mario Paes de Andrade para assumir o controle da Petrobras gerou fortes repercussões em diversos setores da sociedade. Para os trabalhadores da estatal, representados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), o executivo não está apto para assumir a gerência da estatal e a decisão será questionada na justiça.
A FUP, ao lado da Anapetro, associação de acionistas petroleiros, está preparada para entrar antes do fim desta semana com uma ação na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Deyvid Barcelar, coordenador-geral da FUP, afirmou que "a decisão do Conselho de Administração da empresa é ilegal, pois o currículo e a experiência profissional do indicado são reconhecidamente insuficientes para gerir a maior empresa do Brasil, o que fere a Lei das Estatais”.
A Lei das Estatais foi criada durante o governo Temer, e requer que para assumir o cargo de chefia das estatais brasileiras, o candidato tenha comprovação de pelo menos 10 anos de trabalho no setor, de modo que assim somente se nomeia pessoas tecnicamente capazes. Ou seja, é necessário que para assumir a presidência da Petrobras, Paes de Andrade tivesse trabalhado no setor de petróleo, energético ou gás.
Entretanto, no histórico de Caio Paes de Andrade constam apenas experiência no setor de negócios e no governo, sendo atualmente secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. “A aprovação de Caio Paes de Andrade para a presidência da Petrobras é mais um puxadinho eleitoreiro de Bolsonaro”, afirmou Bacelar, ao se referir que a proximidade de Paes de Andrade a Paulo Guedes agradaria a setores neoliberais da população.
Paes de Andrade já foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras e pelo Conselho de Administração da Estatal. Segundo fontes internas, três conselheiros de administração votaram contra sua nomeação à presidência, enquanto somente o conselheiro Francisco Petros votou contrário a sua indicação no Celeg.
Entretanto ainda faltam etapas para que o executivo assuma o controle da empresa, como uma deliberação em Assembleia Geral Extraordinária (AGO), e a assinatura de um termo de posse em cerimônia pública.