Doria cobra plano de vacinação do governo Bolsonaro e cogita programa estadual para São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou do governo federal um plano de vacinação contra a pandemia do novo coronavírus. O governador afirmou que, caso o Ministério da Saúde não apresente um “plano sério e bem estruturado”, o estado de São Paulo irá elaborar um plano estadual próprio.
Nesta semana, a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não cumpriu uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que determinava que o governo detalhasse os planos para a imunização no país.
“Registro aqui, como governador, a perplexidade com o fato de não termos ainda um programa de vacinação. O governo federal já deveria ter anunciado um PNI (Plano Nacional de Imunização). Temos três vacinas em fase de aprovação pela Anvisa, incluindo a CoronaVac”, afirmou Doria, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, nesta quinta-feira (26).
O Ministério da Saúde anunciou, na terça-feira (24), que pretende entregar até o final da próxima semana aos Estados e municípios o plano de vacinação para a Covid-19.
O programa deve prever uma campanha nacGovernador de São Paulo cobrou a divulgação do plano nacional de vacinação pelo governo federal.ional, inicialmente direcionada a grupos prioritários como profissionais de saúde, idosos e pessoas com comorbidades, a partir de janeiro de 2021.
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“Não faz sentido que o governo federal ainda não tenha anunciado aos governadores e à população seu Plano Nacional de Imunização. Não há nada mais importante do que a vacina hoje no país. O que a população deseja é a vacina”, completou.
‘PLANO B’ PARA SÃO PAULO
O governador ressaltou conta com um “plano B” independente para a população do estado para o caso de o governo Bolsonaro não apresente um programa de imunização “sério e bem estruturado”.
“Sim, temos um plano B. Se o governo não apresentar um plano sério e bem estruturado, São Paulo fará o seu programa de imunização sim. Temos estrutura médica e sanitária aqui do estado e não vamos esperar morrerem mais pessoas para aplicarem as vacinas”, destacou Doria.
O chefe do Palácio dos Bandeirantes também destacou que não vê nenhuma razão para que a CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, seja incluída no PNI do governo.
A CoronaVac ganhou projeção ao entrar no centro de uma guerra política entre o presidente e o governador, prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022.
Bolsonaro esvaziou o plano de aquisição futura da Coronavac feito em outubro pelo seu próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, criticou o governador João Doria e disse que a vacina não era confiável por causa de sua origem. Neste mês, o presidente voltou atrás e declarou que poderia autorizar a compra da vacina produzida pela Sinovac, mas não pelo preço que um "caboclo aí quer".
O PROGRAMA DE VACINAÇÃO CONTRA COVID-19
Coordenador do grupo sobre vacinas do Fórum de Governadores, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), explica que a intenção inicial era que o planejamento estivesse pronto até o final desta semana, mas o atraso fez com que a proposta, que está sendo elaborada por um comitê formado pelo governo federal, Estados, municípios e outras entidades associadas, fosse adiada para a primeira semana de dezembro.
Ainda assim, o plano deverá ficar pronto antes da aprovação e registro das vacinas mais adiantadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que pode levar a adaptações posteriores.
A distribuição das vacinas deve seguir a logística do Plano Nacional de Imunizações, com o material sendo distribuído aos Estados por caminhões --nesse caso, refrigerados-- mas podendo ser usados aviões e barcos no caso de municípios isolados, especialmente na região da Amazônia.
A intenção é que todos os Estados recebem as vacinas de forma simultânea. Está sendo analisada a possibilidade de que locais com um surto tenham prioridade, mas os governadores defendem um início conjunto da campanha para todos.
O cenário que está a ser traçado tenta levar em conta todas as vacinas que estão finalizando a fase três de testes clínicos e próximas ao pedido de registro. Entre elas, a desenvolvida pela Astrazeneca com a universidade de Oxford e que deve ser produzida no Brasil pela FioCruz, que encerrou a fase 3 e apontou eficácia de até 90% do imunizante.
Na terça-feira, em uma reunião na Anvisa, representantes do laboratório apresentaram mais documentos para avaliação de registro mas, segundo a Anvisa, não foi apresentada uma data para submissão do pedido final.
Já a chinesa Sinovac, que desenvolve a CoronaVac, a ser produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, deve apresentar os resultados de eficácia do seu produto em dezembro.
O presidente Jair Bolsonaro tem dado declarações desfavoráveis à vacina chinesa, dizendo que ela não inspiraria confiança devido a sua origem, numa queda de braços com o governador paulista, João Doria (PSDB), seu adversário político.