A dificuldade de aplicar sanções aos diamantes russos
Por estranho que pareça, 80% dos diamantes brutos do mundo são negociados numa pequena rua da cidade belga de Antuérpia.
Até agora as gemas da Rússia escaparam das sanções da União Europeia, mas o cerco está a apertar.
Durante a cúpula do G7, os países mais industrializados do mundo adiaram a proibição, mas prometeram continuar a trabalhar.
No Antwerp World Diamond Center, alertam que as sanções só funcionarão se forem globais. "Se a União Europeia decidisse fazer isso sozinha, seria muito dramático para a Antuérpia, porque significaria que o resto do mundo, que não quer saber de sanções, essa é a realidade, continuará a negociar diamantes russos e isso não terá impacto na economia russa, na verdade, impacto zero", diz Tom Neys, diretor de comunicação do Antwerp World Diamond Center.
Tom Neys alerta que o mercado pode deslocar-se para países menos vigilantes quanto à origem dos diamantes e à lavagem de dinheiro, o que simplesmente causaria perdas na Antuérpia.
A Rússia produz 30% dos diamantes do mundo, quase tudo por meio da estatal Alrosa.
Algumas joalharias já mudaram de fornecedores. Os seus clientes, residentes de países do G7, como Estados Unidos, França ou Canadá, já o pediram.
Por enquanto, o G7 está empenhado em explorar uma nova tecnologia que torne possível rastrear a origem dos diamantes.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já alertou que o comércio de diamantes russos será restringido, mas ainda não definiu uma data.