Dólar reflete exterior positivo e recua a R$ 5,33
Moeda segue valorização moderada de parte dos emergentes em dia de poucos indicadores econômicos e à espera de decisão de cúpula da UE O dólar comercial firma a queda contra o real nesta segunda-feira, aproveitando o bom desempenho de ativos de risco em todo o mundo. Notícias positivas sobre o desenvolvimento de novos tratamentos abrem caminho para o alívio na busca por proteção, embora o padrão no mercado local seja de volatilidade desde o estouro da crise. Às 13h07, o dólar comercial operava em baixa de 0,77%, aos R$ 5,3390. Ante outros emergentes, o dólar oscila perto da estabilidade contra o peso mexicano e contra o rand sul-africano, enquanto cai 0,75% contra o rublo russo. O ambiente favorável ao risco lá fora se apoia em notícias de que uma vacina contra o coronavírus desenvolvida na Universidade de Oxford é segura e produziu os efeitos esperados durante ensaios clínicos com voluntários saudáveis. Além disso, uma outra vacina experimental, desta vez desenvolvida pela BioNTech e pela Pfizer, também apresentaram resultados satisfatórios. Vale dizer, porém, que o real brasileiro tem sofrido com bastante volatilidade intradiária nas últimas semanas. Muitas vezes, as oscilações superam a amplitude da negociação com outras moedas emergentes. Nos últimos dias, a instabilidade até desacelerou ante os picos recentes, mas segue bastante elevada em comparação aos últimos anos e seus pares emergentes. A volatilidade histórica do câmbio – uma métrica que mostra o intervalo de variação da moeda em períodos passados – está rodando atualmente em cerca de 26% nos períodos de 30, 60 e 90 dias. O patamar é bem superior ao padrão de 12,5% a 13% nos últimos anos – em 2019, oscilou entre 10% e 15%, por exemplo. Sócio e gestor na LAIC, Vitor Carvalho afirma que a volatilidade já esteve pior em alguns momentos nos últimos anos, a exemplo do salto em 2015 com a crise política que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ou em 2017 com a divulgação de áudios de empresário Joesley Batista com o então presidente Michel Temer. “O problema não são ‘spikes’ de volatilidade, que acontecem naturalmente quando há um evento que abale a conjuntura macroeconômica. A correção tem de a ser rápida e não afeta a perspectiva de prazos maiores. A persistência de alta volatilidade é que é nociva”, explica o gestor. “Quando há persistência de volatilidade, isso prejudica o setor real da economia, porque as empresas – seja o exportador ou o importador, por exemplo – não conseguem se planejar direito em relação a suas operações com câmbio ou investimentos de longo prazo”, explica. Daniel Acker/Bloomberg