Coreia do Norte registra 21 mortes em seu primeiro surto de covid
A Coreia do Norte reportou neste sĂĄbado (14) 21 novas mortes por "febre", em meio ao primeiro surto de covid-19 no paĂs, onde foi ordenado um confinamento nacional diante da expansĂŁo "explosiva" do vĂrus.
De acordo com a agĂȘncia oficial KCNA, na sexta-feira foram registrados 174.440 novos casos de febre, 81.430 pessoas curadas e 21 mortes. O veĂculo nĂŁo especificou quantos testaram positivo para o coronavĂrus.
Os especialistas atribuem esta indefinição Ă escassa capacidade de testagem da Coreia do Norte, que admitiu na semana passada seus primeiros casos de covid-19 desde o inĂcio da pandemia.
Desencadeado no fim de abril, o surto se espalhou de forma "explosiva", com mais de meio milhĂŁo de pessoas afetadas por febre e quase trinta mortos.
"O nĂșmero total de pessoas doentes em todo o paĂs era de 524.440, das quais 234.630 haviam se recuperado plenamente e 288.810 estavam recebendo tratamento. O nĂșmero de mortes atĂ© agora Ă© de 27", informou a agĂȘncia KCNA.
"NĂŁo seria exagerado considerar todos os casos de febre como covid-19, dada a reduzida capacidade de diagnĂłstico do paĂs", afirmou o analista Cheong Seong-chang do Instituto Sejong da Coreia do Sul.
"O nĂșmero real de casos de covid pode ser mais elevado que os casos de febre devido aos muitos casos assintomĂĄticos", advertiu.
- "Grandes turbulĂȘncias" -
Com seus 25 milhĂ”es de habitantes nĂŁo vacinados e um sistema de saĂșde cambaleante, o poder norte-coreano ordenou medidas de confinamento por todo o paĂs para tentar conter o surto.
Seu lĂder, Kim Jong Un, disse nesta sexta-feira que "a maior prioridade Ă© bloquear a propagação do vĂrus, fechando zonas ativamente e isolando e tratando as pessoas com febre de forma responsĂĄvel".
Pela segunda vez esta semana, Kim convocou em carĂĄter de urgĂȘncia o birĂŽ polĂtico e admitiu que o surto estava causando "grandes turbulĂȘncias" no paĂs comunista, noticiou a KCNA.
Depois de dois anos de bloqueio autoimposto com o exterior, que mergulhou a economia e o comércio, a Coreia do Norte anunciou na quinta-feira que vårios pacientes com febre na capital, Pyongyang, testaram positivo para a variante Îmicron da covid. Na sexta-feira, informou a morte de um deles.
A mĂdia estatal atribui as mortes Ă "negligĂȘncia, incluindo a overdose de medicamentos, devido Ă falta de conhecimento dos mĂ©todos de tratamento cientĂfico".
- China como exemplo -
Na reuniĂŁo com a cĂșpula polĂtica do regime comunista, Kim discutiu "distribuir prontamente medicamentos de emergĂȘncia" e introduzir "tĂĄticas cientĂficas e mĂ©todos de tratamento para diferentes pacientes, incluindo aqueles com caracterĂsticas especiais", noticiou a KCNA.
Segundo esta informação, o lĂder assegurou que tem "fĂ© de que podemos superar esta doença infecciosa maliciosa no perĂodo mais curto possĂvel".
Os especialistas afirmam que este isolado paĂs asiĂĄtico, dotado de armamento nuclear, dispĂ”e de um dos piores sistemas sanitĂĄrios do mundo, com falta de medicamentos e equipamentos essenciais.
Kim assegurou que seu governo seguirĂĄ o exemplo de gestĂŁo sanitĂĄria da China, a Ășnica grande economia mundial que mantĂ©m uma estratĂ©gia de erradicação do vĂrus com severas restriçÔes fronteiriças, confinamentos e testes em massa.
"DeverĂamos tirar liçÔes das experiĂȘncias e dos feitos proveitosos em prevenir o vĂrus do Partido Comunista da China e de seu povo", disse Kim.
Depois de quase dois anos mantendo o vĂrus Ă distĂąncia, o gigante asiĂĄtico experimenta agora surtos da cepa ĂŽmicron que provocaram novos confinamentos em grandes cidades como Xangai, cujos 25 milhĂ”es de habitantes estĂŁo quase totalmente confinados hĂĄ semanas.
Na sexta-feira, no entanto, a China se ofereceu para ajudar Pyongyang com vacinas, assim como a Coreia do Sul, apesar das tensĂ”es entre os dois paĂses. Antes, a Coreia do Norte rejeitou ofertas de vacinas contra a covid da China, RĂșssia e da Organização Mundial da SaĂșde.
Ao mesmo tempo, o regime comunista acelerou o desenvolvimento militar, com mais de 15 testes de armas desde o inĂcio do ano. E, apesar da covid, novas imagens de satĂ©lite sugerem que o paĂs retomou a construção de um reator nuclear.
De acordo com Jeffrey Lewis, do Instituto Middlebury para Estudos Internacionais, a nova instalação multiplica por 10 a capacidade do reator existente em Yongbyon, ao norte da capital.
Estados Unidos e Coreia do Sul jå alertaram que a Coreia do Norte estå preparando um teste atÎmico. Alguns analistas acreditam que o teste pode ser apressado como uma forma de "distração" diante do surto de covid.
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