Como a Netflix ganha dinheiro?
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A Netflix se tornou uma potĂȘncia tĂŁo grande no mundo do entretenimento que, para o consumidor, Ă© atĂ© estranho imaginar viver sem o serviço. Para muita gente, a empresa se tornou sinĂŽnimo de streaming e, mesmo com as vĂĄrias crĂticas feitas aos valores cobrados em todo o mundo, ela Ă© a principal escolha do pĂșblico na hora de assinar uma plataforma do gĂȘnero.
E a razĂŁo para isso Ă© bem simples. AlĂ©m de ser a responsĂĄvel por apresentar a boa parte do pĂșblico o que Ă© um streaming, o catĂĄlogo de peso mantĂ©m sua relevĂąncia e a transforma em um serviço quase essencial para quem gosta de filmes e sĂ©ries. De Stranger Things e Ataque dos CĂŁes, a companhia nĂŁo economiza na hora de se mostrar como necessĂĄria para quem gosta de um bom entretenimento.
A grande questĂŁo, contudo, Ă© de onde a Netflix tira tanto dinheiro para bancar essa postura. Em um mercado tĂŁo aquecido quanto o de streaming, o serviço estĂĄ sempre de bolso aberto para manter sua liderança â tanto que, em 2021, gastou mais de US$ 17,3 bilhĂ”es em produção de conteĂșdo para garantir essa relevĂąncia, isso sem falar dos custos com marketing. Mas onde estĂĄ a galinha dos ovos de ouro da empresa?
Do DVD ao streaming
Para entender como a Netflix faz dinheiro, Ă© preciso primeiro voltar um pouco no tempo e recapitular como a empresa surgiu. E, como vocĂȘ jĂĄ deve ter ouvido, isso foi feito de uma forma bem diferente daquela que conhecemos hoje.
A companhia surge em 1997 com a ideia de ser uma espĂ©cie de delivery de locadora. Ao invĂ©s de vocĂȘ ir atĂ© um lugar escolher o filme que iria ver, fazia isso online e recebia o DVD pelos correios. A promessa inicial era entregar uma comodidade que gigantes como a Blockbuster nĂŁo ofereciam.
O funcionamento inicial era idĂȘntico ao de uma locadora clĂĄssica, ou seja, o usuĂĄrio pagava pelo filme que escolhia e pelo tempo que ficava com o filme. Contudo, nĂŁo demorou para que ela mudasse para um modelo de assinaturas. Assim, o usuĂĄrio pagava um valor mensal e podia ter sempre um filme novo Ă sua disposição.
Essa troca aconteceu porque a nova modalidade era muito mais lucrativa. Com as assinaturas, a Netflix deixou de depender apenas da locação dos lançamentos e passou a lucrar na operação total, o que deu mais fĂŽlego ao negĂłcio e tambĂ©m ajudou a fazer crescer o nĂșmero de usuĂĄrios total. Era um diferencial que atraiu o interesse e, em pouco tempo, fez com que a empresa enviasse uma mĂ©dia de mil DVDs ao dia.
E foi em 2007 que a companhia migrou para um negĂłcio totalmente novo: o streaming. Na Ă©poca, a tecnologia ainda era nova e desconhecida, mas o fato de ser uma das primeiras a apostar no formato deu certo e os resultados logo começaram a aparecer. A Netflix liderou esse mercado recĂ©m-inaugurado e, em apenas seis anos, saltou de 7 milhĂ”es de assinantes para incrĂveis 33 milhĂ”es.
Atualmente, ela estĂĄ presente em 190 paĂses em todo o mundo â o que significa que apenas cinco territĂłrios estĂŁo fora do seu alcance. De acordo com os relatĂłrios fiscais mais recentes, eram mais de 221 milhĂ”es de assinantes ao redor do planeta em 2021.
De onde vem o dinheiro
Como dito anteriormente, para manter esse nĂșmero quase astronĂŽmico de usuĂĄrios, a Netflix precisa desembolsar tambĂ©m alguns bilhĂ”es de dĂłlares para produzir conteĂșdo que justifique manter as assinaturas. E o mais impressionante Ă© que nĂŁo existe muito mistĂ©rio sobre a origem desse dinheiro.
Segundo a prĂłpria empresa, existem duas fontes de receitas principais que movimentam seus caixas. O primeiro Ă© a venda de DVDs, um serviço que, por incrĂvel que pareça, continua operando nos Estados Unidos â ainda que isso represente um montante irrisĂłrio dentro do balanço total.
Em 2021, o serviço de locadora da Netflix representou uma receita de US$ 182 milhĂ”es. O valor atĂ© parece alto quando a gente pensa que ainda tem esse tanto de gente comprando e alugando DVD e Blu-ray por aĂ, mas representa troco de padaria quando olhamos para o total vindo do streaming: US$ 29,5 bilhĂ”es.
Essa diferença deixa bem claro de onde vem o dinheiro que sustenta a Netflix nesse tempo. Assim como era no tempo da locação de filmes pelos correios, sĂŁo as assinaturas que sustentam o negĂłcio e fazem o dinheiro entrar. E, por essa mesma razĂŁo, Ă© tĂŁo importante para a empresa garantir que esse nĂșmero continue crescendo.
Afinal, para os executivos, a saĂșde de um negĂłcio nĂŁo estĂĄ apenas em sua sustentabilidade, mas na capacidade de crescer e lucrar mais. No modelo adotado pelo streaming, isso sĂł Ă© possĂvel com um aumento na sua base de usuĂĄrios ou subindo o valor da mensalidade cobrada.
Como a segunda opção estĂĄ longe de ser uma saĂda popular e tampouco Ă© efetiva, a solução Ă© investir em maneiras de trazer mais pessoas para o seu ambiente. Por isso, a aposta em mais e mais conteĂșdo original se torna peça-chave para garantir os nĂșmeros positivos.
A Netflix passou a produzir conteĂșdo original em 2013 e, desde entĂŁo, o total despendido para isso sĂł cresceu. Entre 2014 e 2018, foram US$ 30 bilhĂ”es e serviu para trazer tĂtulos que realmente ajudaram a colocar a empresa em meio Ă s grandes produtoras, brigando com Disney e HBO.
Stranger Things, Dark e House of Cards sĂŁo apenas algumas das sĂ©ries que se tornaram fenĂŽmenos e que surgiram nessa Ă©poca. E todo o barulho causado por essas produçÔes serviu tanto para atrair novos assinantes que queriam saber o porquĂȘ de tanto hype quanto para apresentar o streaming a novos pĂșblicos. Quem nĂŁo conheceu alguĂ©m que assinou o serviço sĂł por causa do buzz causado por algum seriado?
Como o negĂłcio da Netflix Ă© baseado em conquistar mais e mais assinaturas, ter uma biblioteca chamativa para atrair e manter o usuĂĄrio Ă© fundamental, da mesma forma que o marketing tambĂ©m Ă© uma ferramenta importante para fazer com que a empresa esteja sempre sendo comentada. JĂĄ reparou como sempre hĂĄ uma novidade sendo anunciada ou discutida? Ă uma forma de vender a ideia de que o serviço possui um Ăłtimo custo-benefĂcio.
Da mesma forma, as indicaçÔes a prĂȘmios como Emmy e Oscar servem tanto para levar o nome da companhia para lugares de destaque como tambĂ©m para reforçar que as sĂ©ries e filmes tambĂ©m tĂȘm qualidade. Assim, mais uma vez, chama a atenção desse potencial usuĂĄrio que busca gastar sĂł naquilo que sabe que vai ser bom.
Riscos e apostas
SĂł que essa dependĂȘncia de assinaturas traz tambĂ©m um risco inerente ao modelo de negĂłcio adotado. Sendo essa a principal fonte de receita, o que acontece quando o nĂșmero de assinantes cai? Exato: a receita tambĂ©m diminui.
Foi o que aconteceu no inĂcio do ano, quando a Netflix anunciou a primeira queda em sua base de usuĂĄrios em uma dĂ©cada. Foram 200 mil pessoas que deixaram o serviço no primeiro trimestre de 2022 â o que representa uma diminuição na quantidade de dinheiro que entrou no caixa e no bolso dos acionistas.
Embora esteja bem longe de ser um prejuĂzo ou sinal de falĂȘncia, Ă© um resultado que acende um sinal de alerta para a necessidade de buscar outros caminhos. Afinal, depender apenas de uma fonte de receita Ă© arriscado e qualquer oscilação mais brusca pode ser fatal. Isso sem falar que hĂĄ um teto que a companhia pode alcançar.
Ă por isso que a Netflix jĂĄ pensa em novas maneiras de conseguir dinheiro, como as tĂŁo comentadas modalidades mais econĂŽmicas com anĂșncios. Nesse caso, ela deixa de depender apenas do dinheiro das mensalidades e passa a contar com publicidade, o que abre mais possibilidades de negociação e de açÔes que podem fazer as receitas totais crescerem â alĂ©m de oferecer uma solução mais econĂŽmica para o usuĂĄrio que tambĂ©m pode se reverter em novos assinantes.
Fonte: Canaltech
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