Com Johnny Depp e poucas concorrentes mulheres, Festival de Cannes pena a se adaptar à era pós-MeToo

Vianney Le Caer/Invision/AP - Vianney Le Caer

O Festival de Cannes abriu nesta semana sob uma forte polêmica: a vinda de Johnny Depp, que voltou ao tapete vermelho após um controverso julgamento por difamação de sua ex-esposa. Considerado vaguardista e intelectual, o evento pena para se encaixar na era pós-Me Too: apenas sete diretoras concorrem ao principal prêmio.

Na semana de abertura do Festival de Cannes, a imprensa francesa destaca um recorde: a seleção de sete mulheres do total de 21 concorrentes à Palma de Ouro, a principal premiação do evento. O número está ainda muito aquém das expectativas da era pós-Me Too, em que mulheres denunciam injustiças e exigem sua presença em espaços de poder.

Segundo o coletivo 50/50, que milita pela paridade no cinema francês, desde a primeira edição do Festival de Cannes, em 1946, até 2018, entre os 1.727 filmes em competição, 82 foram dirigidos por mulheres. Entre essas obras, apenas 5% são longas-metragens.

Um dos primeiros filmes a entrar em competição, “Le Retour” (O Retorno), da cineasta francesa Catherine Corsini, também suscitou divergências. A diretora é acusada de assédio moral, o que ela nega que tenha ocorrido.


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