Cidade chinesa cria fundo imobiliário em meio a boicotes

(Bloomberg) -- Uma cidade chinesa que enfrenta o maior número de boicotes de mutuários irritados com imóveis inacabados criará um fundo de resgate para ajudar construtoras sem dinheiro a concluir projetos habitacionais.

Zhengzhou, a metrópole da província de Henan, lançará o fundo imobiliário em uma parceria entre a Zhengzhou Real Estate Group e a Henan Asset Management, segundo comunicado da gestora de ativos da província.

O fundo de Zhengzhou é a primeira proposta de resgate apoiada pelo estado na China, em meio a uma crise imobiliária que corre o risco de se espalhar para os bancos do país e os proprietários de imóveis de classe média. Zhengzhou recebeu o maior número de avisos de boicote de prestações de financiamento imobiliário, de acordo com dados da E-House (China) Enterprise Holdings, com sede em Xangai.

Os boicotes se espalharam para pelo menos 301 projetos habitacionais em cerca de 91 cidades até domingo, em protesto contra atrasos na construção, de acordo com números de um documento de crowdsourcing intitulado “WeNeedHome”. Empréstimos no valor de até 2 trilhões de yuans (US$ 297 bilhões) ameaçam aprofundar a crise imobiliária da China ao se espalhar para seus enormes bancos, que contam com financiamento imobiliário como sua fonte mais segura de receita.

Reguladores financeiros instaram os bancos em toda a China a aumentar os empréstimos a construtoras para ajudá-las a concluir os projetos, e as autoridades estão até considerando dar aos proprietários de imóveis um período de carência nas prestações, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

A Henan Asset Management planejava vender um título de curto prazo, de acordo com um aviso esta semana. O prazo para subscrição foi estendido, o que geralmente indica demanda fraca.

O governo de Henan, uma província de cerca de 100 milhões de habitantes no centro da China, também enfrentou protestos por um suposto golpe bancário. Centenas de clientes do banco protestaram no início deste mês, pedindo às autoridades que devolvam dezenas de bilhões de yuans em depósitos.

Chongqing e Ningbo, outras duas grandes cidades, também criaram grupos de trabalho para lidar com a questão dos projetos imobiliários inacabados, de acordo com relatos da mídia local. Enquanto isso, cidades nas províncias de Guangdong e Hebei pediram aos bancos que apertem o controle das contas de garantia, informou a mídia local.

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