Chegada de El Niño ameaça ainda mais Amazônia e pode elevar temperatura global a 1,5ºC

REUTERS - BRUNO KELLY

Quando a temperatura do planeta já está em alta e um fenômeno climático natural causa ainda mais elevação, o resultado pode ser devastador. Este é o temor de climatologistas que acompanham de perto a reaparição do El Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial, e que deve se instalar com uma intensidade ainda não determinada ao longo dos próximos meses.

O fenômeno já se manifesta na costa do Peru e do Equador e tende a desequilibrar o clima global, com aumento das secas em algumas regiões e das chuvas, em outras. Na circunstância atual, em que a temperatura média global já está 1,1ºC acima dos níveis pré-industriais, até um El Niño fraco, de 0,5ºC, se torna preocupante.

O climatologista Alexandre Costa, pesquisador da Universidade Estadual do Ceará e integrante do IPCC (painel de cientistas da ONU sobre mudanças climáticas), lembra que os oceanos concentram 93% do excesso de temperatura gerado pelos gases de efeito estufa. O El Niño ‘libera' parte deste calor para atmosfera, em vez de armazená-lo.

É por isso que, se ele vier de moderado a forte em 2023 e 2024, seria capaz de instaurar um novo patamar mais elevado da temperatura global, ressalta Costa. "Uma coisa é quase certa: nós devemos ter um novo recorde de temperatura média global em associação a esse El Niño. Segunda coisa possível: que pela primeira vez a gente chegue ao patamar de 1,5°C de aumento, que é justamente o limiar de segurança preconizado pela ciência do clima e visto como o máximo desejado pelo Acordo de Paris”, destaca Costa.


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