Previsão para 2022 é boa para Bolsonaro e de "apuros" para centro político, diz Eurasia
RESUMO DA NOTÍCIA
Relatório da consultoria vê pouco espaço para alternativas diante de bases consistentes de apoio tanto do presidente quanto da esquerda associada ao PT.
“O centro político está provavelmente em apuros”, sugere análise.
Um relatório divulgado essa semana pela consultoria Eurasia apontou que o cenário é “horrível” para as perspectivas eleitorais do centro do espectro político no Brasil.
A informação foi divulgada pelo portal Exame, segundo o qual a consultoria admite, por outro lado, que ainda é muito cedo para especular sobre as eleições de 2022. Por outro lado, a Eurasia registrou que a polarização deve continuar e que o presidente segue um forte candidato para a reeleição.
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“A conversa nos últimos meses de que uma alternativa centrista a Bolsonaro poderia emergir como candidatura competitiva é muito prematura. Na verdade, o centro político está provavelmente em apuros”, sugere o texto.
Na última quarta-feira (22), uma pesquisa CNT/MDA mostrou que a avaliação positiva do governo Bolsonaro subiu de 29% em agosto do ano passado para 34% em janeiro, enquanto a avaliação negativa caiu de 39% para 31% no mesmo período.
O índice de aprovação é menor que o de presidentes anteriores no mesmo ponto do primeiro mandato, embora demonstre uma notável estabilidade da sua base em meio às turbulências que dominam as manchetes.
Na outra ponta do espectro, o candidato em 2022 do PT deve poder contar com sua base histórica de apoio da ordem de 25% a 30% do eleitorado, o que deixaria o centro novamente espremido.
Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e para o apresentador Luciano Huck, que se colocam como alternativas que poderiam romper a polarização, o diagnóstico é preocupante.
Outro ponto levantado pela Eurasia no relatório é que os números de aprovação de Bolsonaro não devem ser vistos de forma isolada do histórico brasileiro e do contexto da América Latina.
Passado um ano de mandato, Bolsonaro mantém aprovação mais alta do que tinham os presidentes Ivan Duque na Colômbia e Sebastian Piñera no Chile antes de virarem alvos de protestos.
Há uma tendência na região de que a “lua-de-mel” de início de mandato seja cada vez mais curta, assim como a paciência da população para esperar melhoras nas suas condições de vida.
“O nível de desencanto é alto por toda a região, e provavelmente fruto de demandas da nova classe média por serviços públicos como saúde, segurança e educação – que são difíceis de entregar. Além disso, os eleitores têm ligado os serviços públicos ruins à corrupção”, constata o texto.
Também nesse aspecto, o potencial de Bolsonaro é forte, diz a Eurasia, pois ele mantém altos níveis de apoio na área da segurança pública, com a continuidade da queda dos homicídios, e no seu discurso anti-establishment e de combate à corrupção.
A consultoria nota que as áreas do governo mais bem avaliadas pelos entrevistados pela pesquisa CNT/MDA foram justamente combate à corrupção (30,1%), economia (22,1%), e segurança (22%).
Não citada pelo relatório da Eurasia, no entanto, uma incógnita importante e que chamou a atenção nos últimos dias é sobre o futuro da relação de Bolsonaro com Sergio Moro. O ex-juiz foi alvo de “fritura” com a sugestão de que poderia perder a área da Segurança Pública com a recriação de um ministério.
Mais popular que o próprio presidente, Moro, segundo pesquisas recentes, está associado com duas áreas que seriam em tese trunfos do presidente: a agenda anticorrupção e o combate ao crime. Talvez a tal ameaça eleitoral não esteja no centro, e sim bem mais próxima – no próprio gabinete.