Carrefour desaba após balanço e com horizonte desafiador
SÃO PAULO (Reuters) - As ações do Carrefour Brasil renovaram mínimas desde a sua estreia na B3 em 2017, após o varejista alimentar reportar prejuízo no primeiro trimestre do ano, enquanto analistas veem um curto prazo ainda desafiador, por razões macroeconômicas, mas também efeitos envolvendo a integração da operação do BIG.
Por volta de 13:10, os papéis eram negociados a 9,62 reais, queda de 7,85%, pior desempenho do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, que rondava a estabilidade. Na mínima do dia, as ações da rede, que além da bandeira Carrefour também é dona da marca Atacadão, chegaram a 9,32 reais.
De acordo com analistas do BTG Pactual, a desaceleração de números da companhia observada nos primeiros meses do ano tende a continuar no curto prazo, com o efeito de uma inflação de alimentos menor e desafios adicionais relacionados à integração do Grupo BIG pesando nos resultados consolidados.
Luiz Guanais e Gabriel Disselli avaliam também que a divisão de financiamento ao consumo do Carrefour deve ser pressionada pelo ambiente de altas taxas de juros - e inadimplência - no Brasil, trazendo riscos negativos para as estimativas - que afirmaram que pretendem revisar em breve, segundo relatório.
Na noite da véspera, o Carrefour Brasil divulgou um prejuízo líquido aos acionistas controladores de 113 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, revertendo lucro de 370 milhões de reais um ano antes, citando elevação nos custos e investimentos para conversão de lojas adquiridas do BIG.
O Ebitda ajustado foi de 1,04 bilhão de reais entre janeiro e o final de março, queda de 16,8% na base anual, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 4,3% no trimestre, contra 6,6% no mesmo período de 2022.
Em conferência sobre o resultado, o presidente-executivo do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire, afirmou que a expectativa da companhia é de inflação muito fraca e talvez desinflação em produtos alimentícios no segundo trimestre. Mas que espera que as vendas do grupo no segundo semestre sejam "fortes".
Após o resultado, analistas do Itaú BBA cortaram a recomendação das ações para "market perform", ante "outperform", estabelecendo um novo preço-alvo de 13,5 reais para os papéis, de 17 reais anteriormente.
"Continuamos construtivos sobre a aquisição do BIG no longo prazo, mas decidimos ficar à margem por enquanto para que possamos avaliar melhor as tendências associadas e o momento operacional", afirmaram Thiago Macruz e equipe em relatório enviado a clientes.
No setor, Assaí caía 6,08% e GPA perdia 1,59%.
(Por Paula Arend Laier)