Bolsonaro vai decretar que postos divulguem preço da gasolina nas refinarias

Bolsonaro vai decretar que postos divulguem o preço da gasolina nas refinarias (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Bolsonaro vai decretar que postos divulguem o preço da gasolina nas refinarias (Foto: EVARISTO SA / AFP)
  • Por meio de decreto os postos são obrigados a divulgar o valor nas refinarias

  • Decreto com conteúdo semelhante também foi baixado no ano passado;

  • A alta dos combustíveis resvala na popularidade de Bolsonaro que tenta a reeleição

Ao que tudo indica, um decreto que vai obrigar postos a mostrarem o preço da gasolina nas refinarias será editado ainda nesta semana. Pelo menos foi o que afirmou o Presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (22) em entrevista à Rádio Itatiaia.

"Vamos baixar um decreto para que cada posto de combustível bote quanto custa a gasolina na refinaria e quanto custa o álcool na destilaria", afirmou. "Se está R$ 4 na refinaria, por que está R$ 8 no posto? Quem está cobrando muito? É o governador? É o presidente? São tanqueiros? Donos do posto?", questionou.

Sentindo sua popularidade ser afetada no ano em que tenta a reeleição, Bolsonaro vai editar a medida em um novo esforço para demonstrar que é contra a alta dos combustíveis. Um decreto com conteúdo semelhante foi publicado no ano passado, quando o governo sofria pressão dos caminhoneiros para resolver o preço alto do diesel.

Além disso, o presidente afirmou também que uma nova diretoria da Petrobras poderia mudar a política de preços da empresa. Segundo ele, apesar de o estatuto da estatal definir regras para os reajustes, há espaço para mudanças.

"Qual a ideia deste novo presidente da Petrobras? Obviamente ele vai trocar seus diretores, eu não posso ser eleito presidente, tomar posse e não trocar os ministros. E esses novos vão dar uma nova dinâmica, estudar a questão do PPI. Se for o caso, o próprio conselho muda a PPI", afirmou Bolsonaro, reiterando que seu indicado para a presidência da Petrobras, Caio Paes de Andrade, deseja uma nova equipe na estatal.

Após a base governista do Senado aprovar o texto-base do projeto que limita a cobrança ICMS (tributo estadual) incidido sobre os combustíveis, a Petrobras tornou-se alvo principal do presidente e de seus aliados, que acusam a estatal de obter lucros "abusivos" e não exercer sua função social. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação da companhia também foi proposta por Bolsonaro.

Petrobras caminha para seu 4º presidente no governo Bolsonaro

Com o pedido de demissão de José Mauro Coelho, nesta segunda-feira (20), a Petrobras caminha para seu quarto presidente durante o mandato do governo de Jair Bolsonaro (PL). Coelho, que tinha pouco mais de dois meses a frente do cargo, vai ser substituído interinamente por Fernando Borges, conforme definiu o Conselho de Administração da empresa.

O Preço de Paridade de Importação (PPI) é o calcanhar de Aquiles dos três ex-presidentes da estatal. Adotado ainda no governo Temer, a métrica para definir o preço da gasolina e diesel nas refinarias é orientada pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.

Apesar de auxiliarem o caixa da empresa, os seguidos reajustes derivados da metodologia foram o motivo para a demissão de José Mauro Coelho, Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco. Bolsonaro, que busca se reeleger Presidente da República em 2022, já chamou de estupro o lucro da estatal, e com frequência pressiona publicamente a empresa a não reajustar o preço dos combustíveis.