Bolsonaro ataca revendedoras de gás de cozinha e diz que só vai diminuir preço com 'fuzil na mão': "Cartéis poderosíssimos"
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou nesta sexta-feira (12) as empresas revendedoras de gás de cozinha de “cartéis poderosíssimo” e disse que o valor dos botijões, os chamados GLP (gás liquefeito de petróleo), só irá diminuir com “fuzil na mão”.
“O gás de cozinha está caro, em média R$ 90. O preço na origem é menos de R$ 40 e o imposto federal [sobre o produto] é de R$0,70... não... se não me engano de R$ 0,16. Então não justifica chegar a R$ 90. São cartéis poderóssimos, com dinheiro, com bilhões contra mim”, afirmou Bolsonaro.
A fala foi dita a apoiadores, na manhã de hoje, em frente ao Palácio do Planalto. Em seguida, o presidente sugeriu que para o valor do gás de cozinha diminuir seria necessário empregar a força armada.
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“Alguns, e eu fico chateado pela ignorância, apontam: ‘Tem que resolver’. Só com um fuzil na mão e ninguém quer fazer isso daí”, concluiu.
No entanto, Bolsonaro não apresentou provas das acusações. Muito menos explicou o motivo do aumento do preço do gás de botijão.
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje a apoiadores que só consegue baixar o preço do gás de cozinha “com o fuzil na mão”.
Também se disse vítima de censura do Facebook, pois pediu que seus seguidores abastecessem R$ 100 de combustível e mandassem a nota, mas não recebeu nenhuma pic.twitter.com/ZUyX4IQ7Rz— Samuel Pancher (@SamPancher) February 12, 2021
Bolsonaro ainda ressaltou aos apoiadores que o “futuro está sombrio para o Brasil”. “O homem mais poderoso do mundo foi derrubado nas mídias sociais lá nos Estados Unidos”, disse, referindo-se ao ex-presidente Donald Trump, que foi suspenso permanentemente do Twitter "devido ao risco de prolongamento da incitação à violência", em janeiro deste ano.
Aumento no preço
Na segunda-feira (8), a Petrobras reajustou em 5% o preço médio de venda de gás de botijão para as distribuidoras, que passará a ser de R$ 2,91 por kg (equivalente a R$ 37,79 por 13kg). É um aumento médio de R$ 0,14 por kg (equivalente a R$ 1,81 por 13kg).
Ao informar os preços maiores, a estatal explicou os reajustes acompanham a recuperação das cotações internacionais do petróleo, impulsionada por expectativas de retomada da economia com o avanço da vacinação contra a Covid-19 pelo mundo.
A estatal disse ainda que os valores praticados nas refinarias pela Petrobras são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo. Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores de combustíveis.
Botijão a R$ 102
Levantamento feito pelo jornal Agora em dez revendedoras nas cinco regiões da capital mostra que, em média, o botijão de 13 kg está 5,88% mais caro nos estabelecimentos que já decidiram pela aplicação do reajuste. Com a alta, o gás passou de R$ 85 para R$ 90, em média.
Na pesquisa feita por telefone pela reportagem, uma distribuidora do bairro Divineia, na Zona Norte, vai aumentar o preço do botijão de 13 kg de R$ 82 para R$ 86 a partir de sexta (12).
Os preços mais salgados foram verificados na região central, onde o botijão, de R$ 98, vai passar a custar R$ 102 também na sexta.
Nas refinarias, a gasolina subiu, em média, 8,1% (R$ 0,17) passando para R$ 2,25 por litro. O diesel subiu 5,1% (R$ 0,11), indo a R$ 2,24 por litro.