Bluetooth pode ser usado para rastrear celulares e notebooks
Uma falha no processo de fabricação de chips Bluetooth pode levar a riscos Ă privacidade dos usuĂĄrios de smartphones, notebooks e outros aparelhos, permitindo rastreamento e identificação individual. A vulnerabilidade estĂĄ relacionada a pequenas imperfeiçÔes e distorçÔes no final emitido pelos componentes, que quando identificados, podem ser utilizados desta forma por indivĂduos mal-intencionados.
O estudo da Universidade da CalifĂłrnia San Diego, nos Estados Unidos, aponta a possibilidade como real, mas pondera que ela ainda esbarra em alguns obstĂĄculos tĂ©cnicos. Enquanto o processo apresentado pelos pesquisadores Ă© capaz de ultrapassar barreiras de segurança usuais disponĂveis nos equipamentos, ele nĂŁo Ă© facilmente aplicado, dependendo do isolamento de sinais e anĂĄlise profunda de suas camadas, alĂ©m da criação de algoritmos e do fato de que cada fabricante de chips possui seus prĂłprios processos e implementaçÔes, alĂ©m de diferentes intensidades de transmissĂŁo.
Ainda assim, o mĂ©todo foi utilizado e obteve uma taxa de sucesso de 40% a 47% na identificação especĂfica de dispositivos mĂłveis em locais de grande circulação de pessoas. Em outro caso, mais especĂfico, um usuĂĄrio de iPhone foi rastreado com exatidĂŁo durante o perĂodo de uma hora, entrando e saindo de casa repetidas vezes, com o sistema sempre identificando quando ele estava ao alcance e abrindo espaço, por exemplo, para uma operação de espionagem direcionada.
O resultado obtido nos testes com grande circulação de pessoas estå relacionado ao fato de alguns equipamentos terem assinaturas muito próximas umas das outras, principalmente quando se fala de um dispositivo de mesma marca e modelo. Por outro lado, para os pesquisadores, uma taxa de acerto em quase metade dos casos é suficiente para chamar atenção, principalmente pelo fato de não existir uma forma de impedir esse tipo de captura ou modificar os processos de fabricação para que as imperfeiçÔes deixem de existir.
Espionar aparelhos por Bluetooth Ă© possĂvel, mas complexo
Chegar atĂ© ela, como dito, nĂŁo Ă© tarefa das mais fĂĄceis. Chips Bluetooth de baixa energia emitem sinais de forma periĂłdica, a uma taxa de cerca de 500 envios por minuto, mas as informaçÔes do aparelho sĂŁo criptografadas e protegidas. Para obter a identificação Ășnica, um atacante teria que encontrar as caracterĂsticas Ășnicas daquela transmissĂŁo por meio de anĂĄlise e aplicar tais dados em um software criado pelos pesquisadores, que por si sĂł, depende de altas capacidades tĂ©cnicas.
O processo, também, não permite um rastreamento completo dos dispositivos, funcionando apenas quando eles estiverem ao alcance de um receptor, que precisa ser colocado nos locais onde a espionagem aconteceria. Novamente, se trata de um processo complexo, mas que poderia ser usado em operaçÔes de vigilùncia direcionada, por exemplo, ou por agentes ligados a estados-nação que poderiam possuir a capacidade técnica e fundos para a realização de atos desse tipo.
Enquanto isso, a transmissão frequente de sinais é uma constante no mercado, com o achado dos pesquisadores revelando o risco. iPhones e smartphones Android, assim como relógios inteligentes, computadores e outros aparelhos móveis, possuem sistemas de localização em caso de perda ou roubo, enquanto o uso de fones de ouvido e outros equipamentos sem fio também é uma constante; tudo isso resulta em sinais sendo emitidos o tempo todo, propiciando a exploração apontada pelo estudo.
Fonte: Canaltech
Trending no Canaltech: