Bilionário quer lançar navio movido a amônia em 2022
Combustível é considerado uma das alternativas mais limpas para um futuro próximo
Forrest quer converter toda sua frota para combustíveis verdes até o final da década
Navio teste é considerado pequeno, sendo 100 vezes menor que os maiores cargueiros do mundo
Andrew Forrest, bilionário do setor de mineração, falou nesta semana sobre seus planos de desenvolver o primeiro navio movido a amônia do mundo até o final de 2022.
No passado, o australiano já conseguiu criar uma frota de caminhões movida a hidrogênio e algumas locomotivas movida a amônia. Seu objetivo é que todas as frotas de sua empresa utilizem combustíveis limpos, sem emissão de carbono.
“Este é apenas o primeiro! Temos cerca de 100 navios na água e vamos converter todos ao combustível verde ainda nesta década”, disse Forrest, presidente e fundador do Fortescue Metals Group.
O projeto teste de Forrest é o navio MMA Leveque, um cargueiro pequeno de apenas 75 metros. Para comparação, ele não tem a capacidade de transporte de 1% que os maiores cargueiros do mundo possuem. Se tudo for conforme os planos do bilionário, até o fim de 2022 ele será convertido pela Fortescue para funcionar inteiramente com amônia
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Por que amônia
A amônia é uma substância bastante comum no planeta, podendo inclusive ser criada através de eletricidade, água e ar. Incolor e não resulta em dióxido de carbono (CO2) quando queimada, ela pode ser utilizada por motores de combustão interna.
Além disso, ela é facilmente armazenável. Diferentemente do hidrogênio, ela não precisa ficar em tanques de alta pressão e tem 10 vezes a densidade de uma bateria de íon de lítio.
Por fim, ao contrário do que se pensa, a amônia não é excepcionalmente explosiva quanto os demais combustíveis, como a gasolina e o diesel.
Resposta dos ambientalistas
Após divulgar seu caminhão movido a hidrogênio, Forrest foi elogiado por Simon Holmes, ativista do setor energético. “Acho que é um momento importante no tempo”, disse Holmes.
“Um dos empresários mais bem-sucedidos da Austrália, com uma história significativa em combustíveis fósseis, veio a público para mostrar para onde está indo o' dinheiro inteligente”.
No entanto, o analista climático Ketan Joshi se mostrou menos convencido e afirmou que Forrest estava exagerando o impacto do hidrogênio verde.
“Você está inflando demais o caso de uso do hidrogênio para ganho pessoal, mesmo que isso aconteça ao custo de emissões piores e subestimando as alternativas”, disse ele.