Autoridades do Fed apoiam grandes aumentos de juros e dizem que taxa de desemprego pode subir
Por Ann Saphir e Lindsay Dunsmuir
(Reuters) - O banco central dos Estados Unidos deve continuar a subir a taxa de juros em incrementos de 0,5 ponto percentual, dose acima do normal, para controlar a inflação, disseram autoridades do Federal Reserve nesta terça-feira, apesar de admitirem que isso pode significar um aumento no desemprego.
Os comentĂĄrios mostram que os formuladores de polĂtica monetĂĄria do Fed estĂŁo, no momento, mais preocupados em controlar as pressĂ”es de preços do que em garantir que todo norte-americano que queira um emprego consiga um --ou pelo menos que sentem que nĂŁo podem conseguir o Ășltimo sem fazer o primeiro.
"Acho que 50 (pontos-base de alta) nas próximas duas reuniÔes fazem todo o sentido", disse a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, ao Yahoo Finance. "Pode muito bem ser que a taxa de desemprego tenha que subir um pouco, podemos obter mais um trimestre de crescimento negativo ou lento, mas isso terå que acontecer se quisermos reduzir a inflação."
Mas ela acrescentou nĂŁo acreditar haver um "trade-off" entre as duas metas do banco central, de 2% de inflação e pleno emprego, "porque eu realmente acredito fundamentalmente que se nĂŁo voltarmos Ă estabilidade de preços, nĂŁo teremos mercados de trabalho sustentavelmente saudĂĄveis ââno futuro."
O presidente do Fed de Nova York, John Williams, falando mais cedo nesta terça-feira, concordou que o preço de reduzir a inflação pode ser um ligeiro aumento na taxa de desemprego, atualmente em 3,6% --indicativo de um mercado de trabalho que, sob vårias métricas, é o mais forte em 50 anos.
"Quando penso em um 'pouso suave', Ă© realmente uma questĂŁo de sim, podemos ver um crescimento abaixo da tendĂȘncia por um tempo e definitivamente podemos ver o desemprego subir um pouco, mas nĂŁo de maneira enorme", disse Williams em uma conferĂȘncia de economia organizada pela banco central alemĂŁo em Eltville am Rhein, Alemanha. "Acho que esse Ă© o desafio."
Os formuladores de polĂtica monetĂĄria do Fed estĂŁo lutando contra a inflação mais alta em 40 anos, conforme a demanda por mĂŁo de obra e produtos na economia domĂ©stica supera a oferta restrita, que foi agravada pelos lockdowns contra a pandemia na China e pela guerra da RĂșssia contra a UcrĂąnia.
Um relatório de quarta-feira deve mostrar que os preços ao consumidor norte-americano continuaram a avançar em um ritmo anual de mais de 8% em abril.
Na semana passada, o Fed elevou sua taxa båsica de empréstimo em 0,5 ponto, para uma faixa entre 0,75% e 1%, na maior dose de aperto em 22 anos.
O chefe da autoridade monetĂĄria, Jerome Powell, sinalizou que ajustes de tamanho semelhante sĂŁo provĂĄveis nas prĂłximas duas reuniĂ”es, em junho e julho, jĂĄ que o Fed pretende levar os juros "rapidamente" para um nĂvel neutro de cerca de 2,5% e, se necessĂĄrio, alĂ©m.
Falas de autoridades desde entĂŁo mostram que a abordagem de Powell tem amplo apoio.
"Quando chegarmos Ă faixa da taxa neutra, podemos determinar se a inflação permanece num nĂvel que nos obriga a frear a economia ou nĂŁo", disse o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, a uma cĂąmara de comĂ©rcio local de North East, em Maryland.
"Faremos o que precisamos fazer."