"Atlas dos agrotóxicos" aponta excessos do Brasil e da América do Sul, destaca jornal francês

AFP - GEORGES GOBET

A Fundação Heinrich Böll, da Alemanha, e várias organizações francesas acabam de publicar o "Atlas dos Agrotóxicos", que produziram em parceria. Os resultados do estudo, detalhados na edição desta terça-feira (16) do jornal francês Libération, apontam os estragos causados por esses produtos na França e no mundo.

No mapa mundial publicado pelo Libération, a América do Sul é o continente campeão do mundo no uso de agrotóxicos. A região é mencionada por ter dobrado, em 20 anos, o uso de pesticidas em suas lavouras. Em 2020, foram consumidas 770.393 toneladas de agrotóxicos na região, 119,4% a mais do que em 1999. O atlas mostra que "49% dos agrotóxicos vendidos no Brasil são extremamente perigosos" para a saúde humana, animal e para os ecossistemas. A região consome mais do que a Ásia, segunda colocada no ranking mundial.

A publicação lembra o peso das quatro maiores empresas de agrotóxicos do mundo – Syngenta, Bayer, Corteva e BASF –, que controlam 70% do mercado internacional. O escândalo dos produtos químicos cujo uso é proibido na União Europeia (UE), mas que ainda são produzidos para exportação, e retornam aos pratos no bloco, é particularmente destacado no atlas. É o caso do limão verde brasileiro, cita o Libération. Recentemente, a ONG Greenpeace revelou que de 50 amostras de limão verde importado do Brasil, vendido em supermercados europeus, quase todos os exemplares tinham resíduos de agrotóxicos proibidos na Europa.

Declínio de pássaros na Europa


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