Ativistas de extrema direita marcham em Washington e passantes tentam impedir discurso
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Moradores e visitantes de Washington que passeavam pela cidade neste såbado (4) foram surpreendidos por um ato de homens brancos, com o rosto coberto com balaclavas, que marchavam em formação militar ao som de um tambor.
O grupo portava sĂmbolos ligados ao movimento Patriot Front, que defende valores racistas, como a supremacia branca, e que surgiu apĂłs o protesto "Unite the Right", em Charlotesville em 2017, segundo o Southern Poverly Law Center, que estuda grupos de Ăłdio nos EUA.
Eles saĂram da ponte Arlington Memorial por volta de 16h30 (18h30 em BrasĂia), passaram pelo memorial Lincoln e cruzaram todo o National Mall, esplanada onde ficam diversos sĂmbolos nacionais do paĂs e que leva atĂ© o Congresso.
A formação tinha cerca de 200 integrantes, vestidos de forma similar: jaqueta azul-escura e calças beges. Parte deles levavam escudos de metal e proteçÔes nas pernas. Eles carregavam bandeiras dos EUA, na versão original e com adaptaçÔes, como um desenho com as estrelas na parte de baixo. Também exibiam duas faixas, com as frases "Victory or Death" (vitória ou morte) e "Reclaim America" (retome a posse da América).
A cena trouxe a lembrança da invasão do Congresso, em 6 de janeiro, quando grupos de direita e defensores do então presidente Donald Trump fizeram rota similar, ao cruzar o Mall até o Capitólio. Eles invadiram o prédio e tentaram mudar o resultado da eleição à força, mas não conseguiram reverter a derrota do republicano. Naquele dia, houve cinco mortes.
Desta vez, os ativistas marcharam cercados pela polĂcia, que os escoltou ao longo do trajeto. Agentes a bordo de bicicletas e viaturas ficaram o tempo todo ao redor da marcha. Os ativistas pararam a duas quadras do Congresso, e o lĂder do grupo, que usava um chapĂ©u de caubĂłi, tentou fazer um discurso com um megafone. Parte dos passantes que acompanhavam a cena começaram a vaiar e a gritar palavras de ordem, como "fascistas", "nazistas" e "calem a boca", que abafaram o som do discurso.
Em seguida, os manifestantes acenderam sinalizadores que soltaram fumaça nas cores vermelha e azul, o que fez os espectadores se dispersarem. Em meio a isso, a polĂcia pediu que os passantes se afastassem e isolou a ĂĄrea ao redor dos ativistas. De longe, quase nĂŁo era possĂvel ouvir o discurso, que durou poucos minutos e falava em recuperar a AmĂ©rica. O grupo de mascarados posou para fotos com o Congresso ao fundo e depois voltou marchando pelo Mall. NĂŁo havia registro de incidentes atĂ© o começo da noite.
A segurança nos arredores do Congresso foi reforçada apĂłs a invasĂŁo de 6 de janeiro. O governo federal tambĂ©m criou mais açÔes para combater o chamado terrorismo domĂ©stico. Entre setembro de 2001 e setembro de 2011, morreram 114 pessoas nos EUA devido a açÔes terroristas ligadas Ă extrema direita e 107 em atos de radicais islĂąmicos, segundo o centro de estudos New America. O governo dos EUA define terrorismo como atos de violĂȘncia gerados por razĂ”es ideolĂłgicas que buscam intimidar ou coagir a população civil ou mudar decisĂ”es de governo.