Ansiedade corporativa: O desafio silencioso impulsionado pela pandemia
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*Por Shirley Fernandes
O mundo corporativo ganhou ao longo dos Ășltimos dois anos desafios que nĂŁo conseguimos colocar em uma planilha do Excel, em um sistema ou jogar em um dashboard gerencial. Enfim, algo que nos permeia de forma sutil e vai adquirindo espaços nĂŁo tangĂveis, mas perceptĂveis na vida, que comprometem os resultados ao longo do tempo.
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E todo esse quadro social nos direciona para o desenvolvimento da ansiedade corporativa. Ela Ă© um fato, uma realidade, mas muitos negam a sua existĂȘncia ou atĂ© mesmo racionalizam, enchendo-se de teorias e afazeres para minimizar esta sensação do âE agora?â.
Estamos todos, uns mais do que os outros, com a sensação que chamo de restituição, cujo sentido, "ao pé da letra", estå no de buscarmos a recompensa de algo que nos foi tirado. Mesmo em cenårios positivos e otimistas, nos quais muitos setores e empresas cresceram na pandemia, o que aconteceu no meu caso e no setor em que atuo, por exemplo, ainda hå essa sensação, mesmo que menos latente. Sensação de querer esta "restituição".
Mas, restituição exatamente do quĂȘ? Por quĂȘ? Como? Qual o melhor caminho? E se tivermos uma outra intervenção mundial como essa? SĂŁo inĂșmeras as questĂ”es que nos rondam nesse mundo cercado pelos efeitos da pandemia e que corroboram para o aumento da ansiedade.
Tudo começa com uma aceleração mental que nos cobra a busca por mais resultados. Sobretudo, agora que tudo parece estar voltando ao "normal", e esta necessidade imposta por nĂłs mesmo com a autocobrança â ou por um inconsciente coletivo de que precisamos ter ainda mais resultados â Ă© um ponto de superatenção que quero falar aqui.
O que fazer? E como lidar com tudo isso? à assim que a aceleração mental nos coloca na rotação da ansiedade, mesmo a gente achando que não, mas existe um movimento forte de necessidade de buscar aquilo que nos foi tirado.
Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) mostrou que os casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram e os de depressĂŁo tiveram um crescimento de 90% durante a pandemia. E, segundo a Organização Mundial de SaĂșde (OMS), mais de 264 milhĂ”es de pessoas sofrem de depressĂŁo em todo o mundo, e um a cada 13 indivĂduos manifesta sintomas de ansiedade.
Com esses dados alarmantes, observamos que os transtornos mentais estĂŁo aumentando e que, mesmo apĂłs a pandemia, os nĂșmeros devem continuar crescendo. Por isso, quando falo em buscar o que nos foi tirado, nĂŁo falo necessariamente sobre resultados financeiros, mesmo porque muitas empresas e setores cresceram exponencialmente, principalmente os que se adaptaram rapidamente, trazendo soluçÔes aderentes e disruptivas.
A ansiedade que o mundo corporativo tem enfrentado estĂĄ mais atrelada aos movimentos internos, que estĂŁo fora do CNPJ. Mas estĂŁo dentro das pessoas que compĂ”em as empresas e que passaram por grandes perĂodos de incertezas, medos, perdas, luto e uma avalanche de memĂłrias registradas de cenas de hospitais lotados, corpos sendo enterrados em massa, os Ăndices aumentando a cada dia, o Brasil como ponto de alerta mundial, os investimentos caindo, o dĂłlar aumentando absurdamente. Contudo, nesta pressĂŁo toda, hĂĄ um enorme pulso de vida em todos nĂłs para lutar, vencer, inovar e buscar a vacina libertadora deste inimigo invisĂvel e letal.
E dentro desse cenĂĄrio do "novo normal", um estudo realizado buscou elencar as principais habilidades do profissional do futuro e, por incrĂvel que pareça, todas elas estĂŁo ligadas diretamente Ă S qualidade de nossa estabilidade emocional para lidar com mundo atual frĂĄgil, ansioso, nĂŁo linear e incompreensĂvel.
E quais sĂŁo as habilidades para ser um profissional do futuro? Ter um pensamento analĂtico e inovador; estratĂ©gias ativas de aprendizado; resolução de problemas; pensamento crĂtico; criatividade; liderança, entre outras habilidades. Ă fĂĄcil? LĂłgico que nĂŁo. Por isso, a ansiedade corporativa marca presença nos mais variados departamentos, hierarquias e segmentos.
Como lĂder de um time e Ă frente de uma empresa, tenho o dever de buscar mecanismos para minimizar impactos nos resultados. E como todo e qualquer resultado estĂĄ atrelado Ă s pessoas, um lĂder tem que ter este viĂ©s como prioridade no seu olhar.
Precisamos olhar e entender como melhorar, mesmo que gradativamente. Tomar consciĂȘncia deste assunto jĂĄ Ă© um começo interessante. Quanto mais consciente o mundo corporativo estiver sobre este desafio crescente e silencioso chamado ansiedade, mais mecanismos encontraremos para minimizar seus efeitos.
Neste sentido, saber exatamente quem somos, onde estamos e, principalmente, as metas que teremos que alcançar para chegar aonde queremos nos faz traçar a nossa rota desafiadora pautada em nossas condiçÔes e não em uma pilha aleatória. Para isso, alguns indicadores de mercado nos ajudam a estabelecer nossas metas, estudos por segmentos para a definição das nossas projeçÔes de crescimento. Ou seja, sermos ainda mais racionais para entendermos que a sede pela restituição deriva de uma demanda emocional de tudo o que temos passado.
Dentro desse contexto, é necessårio entender como melhorar e como trabalhar a ansiedade corporativa, pois ela tem tomado espaço no nosso cotidiano. Canalizå-la nos direciona para uma nova rota e um 2022 mais leve.
Assim, a autocobrança de sermos extraordinĂĄrios em tudo, de estarmos sempre disponĂveis, tendo que inovar e sermos estratĂ©gicos dentro de uma organização, exige muito de nĂłs. Reitero que, quanto mais conscientes estivermos sobre este grande desafio silencioso chamado ansiedade, mais formas encontraremos de reduzir qualquer efeito negativo por ela gerado.
Com isso, Ă© importante priorizar o controle da autocobrança exagerada, a desaceleração da necessidade de restituição e a prudĂȘncia com a vitrine virtual. As decisĂ”es pautadas em marcadores de mercado, seguindo o nosso baseline, sĂŁo pontos de atenção para os prĂłximos anos e demandarĂĄ uma reflexĂŁo sobre a ansiedade no mundo corporativo. Para finalizar, acrescento que o amor pelo que se faz, a paixĂŁo por empreender e um propĂłsito no trabalho serĂŁo sempre a melhor base para enfrentarmos qualquer desafio.
*Shirley Fernandes Ă© Diretora Comercial e de Marketing da N1 IT, empresa do Grupo Stefanini.
Fonte: Canaltech
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