Analistas do Goldman Sachs dizem que preços do gás vão ficar altos 'até 2025'
Crise energética europeia ainda não acabou, muito pelo contrário
Escalada das tensões entre a Rússia e a Ucrânia pode intensificar aumento no curto prazo
Nos próximos três anos, equilíbrio entre oferta e demanda permanecerá apertado
Os preços do gás provavelmente permanecerão duas vezes mais altos do que o normal até 2025 e a Europa, como um todo, poderá enfrentar apagões nos próximos meses se o clima estiver excepcionalmente frio, alertaram analistas. Em nota de pesquisa enviada à imprensa na manhã desta segunda-feira (24), especialistas do Goldman Sachs declararam que “a crise energética europeia ainda não acabou” e alertaram que “os altos preços da energia observados nos últimos meses não são necessariamente únicos”.
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Problemas no curto e longo prazo
No curto prazo, uma escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia pode fazer com que os preços do gás ultrapassem os recordes estabelecidos em dezembro, enquanto “um desvio padrão mais frio do que a média de fevereiro a março levaria os estoques do final do inverno abaixo dos mínimos recordes de 2018, com prováveis apagões de eletricidade”, alertaram. Nos próximos três anos, os analistas esperam que o equilíbrio entre oferta e demanda no noroeste da Europa permaneça apertado.
Conflito entre Rússia e Ucrânia
A Rússia detém uma enorme influência sobre alguns países europeus porque fornece cerca de 40% do suprimento de gás natural de toda a Europa - na Alemanha, por exemplo, esse número é superior a 50%. Se a Rússia optar por cortar o fornecimento no meio do inverno em resposta à imposição de sanções relacionadas à Ucrânia, os custos de energia dispararão e milhões poderão ser perdidos em meio a quedas de energia - o que ajuda a pressionar líderes políticos a enfraquecer tais sanções.
Resposta dos EUA
De acordo com a CNN, bem como relatórios da Bloomberg e do FT, o governo Biden está vasculhando o mundo em busca de empresas e países - incluindo o Catar, peso pesado de exportação de GNL - para adicionar mais entregas à Europa em caso de escassez. Ao garantir mais gás natural para o velho continente, os EUA esperam reforçar a determinação dos aliados diante da potencial agressão russa.
Para isso, e diminuir a alavancagem energética da Rússia, os norte-americanos estão trabalhando horas extras para aumentar tais compromissos. Uma suposta invasão russa da Ucrânia e uma resposta dos EUA teria efeitos em cascata - para além da Europa -, exacerbando a inflação e perturbando os mercados globais de energia.