Amazônia | Degradação causada por humanos já atinge mais de um terço da floresta
O desmatamento na Amazônia é pauta constante no noticiário brasileiro, mas um processo mais discreto e menos comentado vem causando problemas tão graves quanto estes grandes cortes. Estamos falando da degradação causada por humanos, incluindo cortes pontuais e incêndios florestais.
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Um estudo divulgado nesta quinta-feira (26) indica que 38% da floresta amazônica já sofre com essa degradação, uma ação diferente mas tão impactante quanto o desmatamento em si.
O artigo publicado na revista Science é de autoria conjunta de diversas instituições nacionais e internacionais, como a Unicamp, o INPE e a Universidade de Lancaster, no Reino Unido. Os autores estudaram a degradação, que é uma destruição da floresta diferente do desmatamento, quando grandes áreas são inteiramente destruídas, geralmente para conversão em outro uso do solo.
Essa classificação considera quatro principais fatores: incêndios florestais, efeito de borda (mudanças que se dão imediatamente ao lado de áreas desmatadas), extração seletiva de espécies vegetais e secas extremas. Para os autores, é importante a diferenciação pois degradação e desmatamento exigem diferentes esforços tanto em sua análise quanto na construção de políticas e ações para combatê-los.
A análise foi feita por meio de registros dos satélites Terra, Aqua e Landsat da NASA, que se complementam ao utilizar imagens no espectro visível e no infravermelho, com alta capacidade de detecção de mudanças na vegetação por variação na umidade. A combinação dos dados permitiu a quantificação de cada um dos quatro fatores de degradação em toda a Amazônia — não somente a que está em território brasileiro.
Em projeção para 2050, a degradação deve continuar sendo uma das principais fontes de emissão de gases estufa para a atmosfera. “Está claro que seu efeito total pode ser tão importante como o efeito de desmatamento para emissões de carbono e a perda de biodiversidade”, diz Jos Barlow, pesquisador da Universidade de Lancaster, co-autor do estudo.
Além dos efeitos sobre o meio ambiente, os autores indicam que a degradação ainda pode ter grandes impactos socioeconômicos. “A degradação favorece poucos, mas leva fardos a muitos”, afirma David Lapola, cientista da Unicamp e líder do estudo. Patricia Pinho, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), complementa: “poucas pessoas lucram com esse processo e muitas perdem em questões de saúde, de qualidade de vida, de se identificar com o lugar onde vivem”.
Para solucionar o problema, os autores propõem um sistema integrado para monitoramento deste tipo de destruição florestal. Uma das possíveis soluções é o conceito de “smart forests”, similar ao de cidades inteligentes, com diferentes tecnologias atuando em conjunto para fornecer dados sobre o estado da degradação. “É preciso apostar em estratégias inovadoras”, conclui Lopola.
Fonte: Canaltech
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