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Alunos encontram salas cheias de livros sem uso em escolas públicas no RJ

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Um fato curioso vem se repetindo em escolas públicas estaduais ocupadas por alunos no Rio de Janeiro: a descoberta pelos próprios estudantes de pilhas de livros mofando em salas trancadas. Livros didáticos de matemática, química, biologia, sociologia que lhes fazem falta. Longe dos olhos, protegidos por cadeados.

Alunos de pelo menos três escolas, a Visconde de Cairu, a Paulo Freire e a Compositor Luiz Carlos da Vila, na Zona Norte, postaram fotos e vídeos na internet.

Estes colégios fazem parte de um movimento de ocupação que vem rolando desde março em apoio à greve dos professores estaduais. Em vez de ficarem em casa, alunos de algumas dezenas de escolas tem se mobilizado para reivindicar melhores condições de ensino. Ao abrir portas trancadas há anos, porém, encontram livros empilhados e outros equipamentos que poderiam estar em uso, como bolas de basquete, redes de vôlei e grades de proteção para quadras esportivas.

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“Quando a gente ocupa o colégio a gente vê livro até o teto. É um descaso. Nossos pais pagam nossos impostos. De treze matérias só recebemos 4 livros. É sacanagem. A gente estava sendo enganado e não sabia”, disse uma aluna da E.E. Compositor Luiz Carlos de Vila (veja no vídeo).

Já na Cairu, a mesma coisa: os alunos encontraram salas fechadas com livros. Colocaram no Facebook como denúncia. É a foto que abre este post.

Fiquei curioso. Qual o sentido de manter livros trancados em uma sala?

Liguei para a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, e como a assessora me disse que eles não respondem por telefone, enviei um e-mail. A resposta veio alguns minutos depois. “A Secretaria de Estado de Educação já identificou a questão e está estudando a melhor forma de resolver o problema”, disse a nota, para então completar: “seja evitando o envio excessivo de livros pelo MEC ou com o reaproveitamento dos exemplares ou mesmo com a devolução das obras”.

Achei a resposta evasiva e mesmo enigmática. O MEC estaria mandando livros demais ou mesmo errados para as escolas, é isso? Mandei novas perguntas para a Secretaria, mas não obtive reposta.

Não foram apenas livros encontrados por detrás de cadeados. Na E.E. Paulo Freire os alunos descobriram um laboratório com 10 computadores conectados à internet. “A gente não sabia que tinha esta sala. Todos os computadores funcionam. É um descaso”, disse um aluno (veja vídeo).

No colégio estadual Prefeito de Moraes, a mesma coisa. “Tenho três anos de Prefeito de Moraes e nunca entrei no laboratório de informática”, conta um aluno no Youtube, apontando para uma sala trancada.

Em abril visitei a Visconde de Cairu. Encontrei na cozinha da escola ocupada Luã, 17, Letícia, 18 e Beatriz, 17, que preparavam o almoço do dia, macarrão com linguiça. Eles vão prestar o Enem em breve para Odontologia, Administração e Direito. A escola, dizem, tem laboratórios de Química e Biologia, mas que ficam fechados por falta de materiais básicos como reagentes, água e gás. Tem laboratório de Informática, embora os alunos não tenham acesso a ele por falta de funcionários. Há um auditório, só que o sistema de som não funciona. Dizem que por conta do currículo estadual disputam em desvantagem o vestibular. Segundo eles, há conteúdos que caem nas provas e que não são apresentados em sala de aula. Pedem mais simulados orientados para o Enem. O prédio da escola tem 5 andares mas os elevadores enguiçaram, o que dificulta a circulação de pessoas com necessidades especiais.

Na pátria educadora, os alunos cariocas vão mostrando didaticamente o que não funciona e os porquês. Para qualquer um interessado em escutá-los, ao vivo ou online, conforme o gosto. Alguém vai de fato ouvir?

Siga-me no twitter! (@rogerjord)

Imagens: OcupaCairu/Facebook e AgênciaBrasilFotografias/flickr