40 anos da Aids: “Os pacientes eram estigmatizados”, lembra cientista francesa que descobriu HIV

© Bárbara DEBOUT/AFP

Há 40 anos, a descoberta do vírus da Aids por uma equipe de cientistas parisienses do Instituto Pasteur marcou a primeira etapa na luta contra uma doença que causaria mais de 40 milhões de mortes.

O "isolamento" do novo vírus foi noticiado em 20 de maio de 1983 em um artigo publicado na revista americana Science. Os autores da descoberta, Françoise Barré-Sinoussi, Jean-Claude Chermann e Luc Montagnier, adotam um tom cauteloso: esse vírus “poderia estar envolvido em diversas síndromes patológicas, incluindo a AIDS”, escreveram os franceses na ocasião.

A pesquisa sobre Aids na época ainda era muito incipiente, e a doença, uma imensa novidade tanto para a sociedade quanto para a ciência, escondia muitos mistérios.

“Foi uma corrida contra o tempo, porque percebemos que o vírus era transmitido pelo sangue, sexualmente e de mãe para filho. Foi preciso mobilizar outras equipes: imunologistas, biólogos moleculares, clínicos e pacientes, sabendo que na época não teríamos tempo de encontrar um tratamento para salvar os doentes. Ficamos cara a cara com pessoas que vinham ao Instituto Pasteur para nos fazer perguntas sobre o vírus. Humanamente falando, foi muito difícil”, lembra Françoise Barré-Sinoussi.

Especialistas americanos falavam de uma "epidemia entre gays e usuários de drogas", quando a doença ainda não tinha nome, mas continuava se espalhando rapidamente.

Instituto Pasteur

(Com informações da AFP)


Leia mais em RFI Brasil

Leia também:
Cientistas franceses realizam testes promissores para vacina contra HIV
Um terceiro paciente com HIV é curado após transplante de células-tronco
"Propagação do HIV entre meninas na África é uma crise da desigualdade de gênero", diz Unaids