Activision Blizzard escondeu demissão de dezenas de pessoas de seus acionistas

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REUTERS/Dado Ruvic/Illustration
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  • Não informar acionistas sobre problemas na empresa é crime previsto por leis federais americanas;

  • Casos de assédio vão desde funcionários de nível baixo, a gerentes e até o CEO;

  • Microsoft já comentou que não pretende agir com mão pesada dentro da empresa.

Segundo uma reportagem do Wall Street Journal (WSJ) publicada ontem, segunda-feira 17, a Activision escondeu demissões e punições disciplinares de mais de 70 funcionários. A empresa ganhou bastante destaque na mídia hoje após ser vendida à Microsoft por US$ 70 bilhões (R$ 385 bilhões).

A aquisição ainda depende da aprovação de órgãos governamentais, como o FTC americano.

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Casos de assédio na Activision Blizzard

A reportagem do WSJ afirma que nos últimos anos foram feitas cerca de 700 reclamações nos canais internos da empresa.

Em 2020 cerca de 30 funcionárias mulheres na seção de e-sports da Activision teriam enviado um e-mail para seus diretores, relatando os casos de toques indesejados, comentários humilhantes, exclusão de reuniões importantes e comentários não solicitados sobre sua aparência.

Há ainda acusações de crimes mais sérios, como os cometidos pelo chefe de tecnologia da Blizzard, Ben Kilgore, demitido em 2018 após uma investigação sobre diversas acusações de assédio sexual.

Ou então o caso de Javier Pananemo, um gerente no estúdio Sledgehammer Games, que faz parte da empresa. Pananemo foi acusado de estuprar uma mulher e assediar sexualmente outra.

O próprio CEO da empresa, Bobby Kotick, foi gravado ameaçando uma de suas assistentes, tendo deixado mensagens em sua caixa postal ameaçando matá-la, dentre diversos outros casos.

O que diz a empresa

Apesar de haver demitido mais de 30 funcionários, e pôr em ação sanções disciplinares a mais de 40, a empresa ainda está sendo criticada por tentar esconder esses casos do público.

Os próprios acionistas da empresa entraram com um processo contra ela em agosto de 2021, devido a não serem informados sobre os problemas que a empresa vinha enfrentando.

Segundo o processo, a empresa violou leis de títulos federais por dar declarações falsas aos investidores.

No entanto, segundo a porta-voz da Activision Blizzard, Helaine Klasky, nem a empresa nem Kotick tentaram esconder informações sobre as demissões, visto que a intenção da empresa é oferecer “dados e análises precisos para compartilhar”.

Aquisição pela Microsoft

O papel que a Microsoft irá exercer em toda essa história ainda é incerto. A empresa passa por uma investigação para lidar com casos de abusos internos.

No passado, o chefe da divisão do Xbox, Phil Spencer, comentou que não estava interessado em envergonhar outras empresas, se referindo que a própria Xbox cometeu erros no passado.

Satya Nadella, presidente da Microsoft, por sua vez, disse que Bobby Kotick irá permanecer no cargo de CEO da Activision, e que ambos estão comprometidos com uma mudança na cultura da empresa.