Como sair do vermelho? Especialistas orientam: “Não priorizem pagamento aos bancos”
- Especialistas em Finanças dizem para não priorizar bancos no momento
- Para pagar dívidas, os brasileiros já se veem com mais de 50% da renda comprometida;
- Pelo menos 3 em 4 famílias estão inadimplentes hoje no Brasil.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou um novo recorde no endividamento das famílias brasileiras: o Brasil tem o maior percentual de famílias endividadas desde o início da série histórica, em janeiro de 2010. Para pagar dívidas, os brasileiros já se veem com mais de 50% da renda comprometida. Pelo menos 3 em 4 famílias estão inadimplentes.
O Yahoo Finanças conversou com especialistas e elaborou um passo a passo para auxiliar os endividados. Planejamento financeiro, análise da vida financeira e algumas dicas de ouro estão na lista:
Thiago Martello, educador financeiro e especialista em investimentos, orienta que tipo de boletos são prioridades do endividado. “Se chegou na situação de ter que escolher qual boleto vai pagar, não pague bancos. A não ser que sejam prestações de carro ou casa, porque o credor pode tomar. Já os empréstimos, o cartão de crédito e o cheque especial podem esperar. Apesar de serem os maiores juros cobrados, esse é o tipo de conta que, se o consumidor manter em dia, não ajudará em nada para estabelecer a ordem da vida financeira”, explica.
Assim, é preciso priorizar pagar contas básicas, como água e luz, para se manter uma rotina saudável. “Pagar contas elementares, como telefone e internet”, recomenda. Desta forma, o indivíduo pode se organizar para sair da rotina de crédito.
Caso o devedor não tenha ainda o nome sujo, vale adotar uma nova estratégia. “Abra conta em um banco diferente, deixando estourar a dívida do primeiro banco e depois, com mais possibilidades, volte a negociar. Após 6 meses a 1 ano, na medida em que o banco vai diminuindo esperanças de receber, há propostas para receber apenas o valor da dívida, tirando a camada gigantesca de juros”, finaliza.
Julián Colombo, CEO da N5, empresa de software para indústria financeira, enumerou algumas orientações para quem precisa sair do vermelho. Veja:
1. Liste todos os débitos acumulados até o momento e descubra qual o valor total de sua dívida;
2. Organize todas as suas contas mensais e defina qual valor você consegue arcar mensalmente para pagar as dívidas;
3. Após identificar sua capacidade de pagamento mensal, procure o credor para negociar de acordo com as condições financeiras que estipulou. Por exemplo: Se o valor devido é de R$20 mil e sua capacidade financeira mensal para pagá-la for de R$300, peça uma proposta ao seu credor que contemple este valor;
4. Se tiver dívidas de vários tipos e em vários lugares, tente consolidar em um único lugar, transferindo as dívidas para uma instituição que ofereça melhores condições e custos. Por exemplo, procure um empréstimo com juros menores que das dívidas originais - ao pagar de uma só vez o valor pode diminuir por conta dos juros mensais - e parcele o empréstimo de acordo com o valor identificado ser possível.
5. Enquanto os juros de cartões de créditos podem cobrar em média 29,1% ao mês e as taxas do cheque especial ser em média 7,96% ao mês, as fintechs de crédito conseguem, por meio de tecnologia, realizar uma análise e oferecer taxas mais justas e personalizadas para o perfil de cada cliente, com uma média de 3% a 5% ao mês.
6. Se enxergar que terá problemas para pagar, tente se antecipar e conversar com seu credor. Muitas vezes você pode pedir para mudar as condições do seu empréstimo sem ‘sujar’ seu nome;
7. Passe a controlar seus gastos, anote todos eles em uma planilha e entenda quais os pontos que estão impactando na sua saúde financeira;
8. Evite compras desnecessárias, mesmo que seja parcelada. Não compre nada porque “a parcela é pequena”. 31% das compras que não são feitas por falta de eventual possibilidade, como uma maquininha que não está funcionando, por exemplo, jamais serão feitas depois.