Sim, você pode saber como é Marte sem ser astronauta

Por Alessandra Stefani (@Alemarrom) - Era Guerra Fria. ⅙ do planeta Terra estava com os olhos vidrados na TV. Foram 3 dias de viagem bem pra lá ainda de onde Judas perdeu as botas. Neil Armstrong pisava na lua. Depois desse pequeno passo para o homem, o mundo espera pelo próximo grande salto para a humanidade: a ida a Marte. Para Hollywood, este dia já chegou. Os filmes O Planeta Vermelho, Missão: Marte e o mais recente Perdido em Marte (foto) mostram a superfície do nosso vizinho no universo. E muita coisa não é computação gráfica, não. Marte da ficção é real e fica logo ali, no deserto de Wadi Rum, um cantinho terráqueo que enganaria até marciano. (Imagem: Divulgação)

Mas por que esta terra no sul da Jordânia, lá no Oriente Médio, é a queridinha dos diretores de cinema quando o assunto é Marte? Bata o olho no terreno de 720km2 e você já vai entender. Vamos começar pela marca registrada de Marte: a cor. Wadi Rum tem o que se espera de um planeta apelidado de Vermelho. No deserto, um tapete de areia a perder de vista se estende numa imensidão de tons de vermelho e laranja que mudam ao ritmo dos raios de sol, como se a luz quisesse brincar com os nossos sentidos. Um arco-íris de poucas cores, mas infinitas tonalidades, contemplado até onde os olhos conseguem enxergar. (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

O Planeta Vermelho de Wadi Rum também tem sua imponência. Blocos monumentais de rochas moldadas ao sabor dos ventos, como num trabalho de formiguinha de milhões de anos. Claro que não dá pra bater a marca de Marte, que tem a maior formação rochosa do Sistema Solar (dá para imaginar um vulcão quase 3 vezes mais alto do que o Monte Everest? Estamos falando de 25 mil metros de altura. Daí é covardia, né!). Mas os 1.750m de altura das montanhas da Jordânia impõem respeito, sim senhor. Se você fosse o cara aí da foto não se sentiria minúsculo? (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Como até agora ninguém concluiu que existe vida em Marte, tripulação de filmes sobre o planeta geralmente aparece solitária na imensidão vermelha. Quer melhor locação pra ter cara de inabitável do que um lugar que se chama “deserto”? Em Wadi Rum, até moram famílias de beduínos - o povo nômade dono destas terras (quem já está lá há 12 mil anos, merece o título, né?). Aqui ou ali você vai ver as tendas deles, feitas de pelo de cabra. Ou os acampamentos (padrão gente fresca, com banheiro e tudo) montados para a turistada descansar depois de camelar debaixo do sol o dia inteiro. Mas no geral, você vai passar por dunas e dunas e não encontrar uma alma viva. O deserto é deserto. Um silêncio absoluto, para nenhum professor de ioga botar defeito. (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

E a última das semelhanças entre Marte e Wadi Rum: a aridez. Cientistas acreditam que o Planeta Vermelho já teve rios, isso há muito tempo, numa galáxia, quer dizer, num planeta, muito, muito distante… Mas por causa de umas mudanças aí na atmosfera, a maior parte da água foi para o beleléu. Wadi Rum também é seco. Chuva lá é coisa rara, tipo 2 dias no mês em média. Você olha pra cima e vê o azulão do céu quase sem nenhuma nuvenzinha pra contar história. De um lugar que tem Wadi no nome - palavra que significa leito seco de rio - se esperaria o quê? (Imagem: Arquivo Pessoal/Alessandra Stefani)

Wadi Rum até já representou ele mesmo no cinema, mas foram poucas vezes, tipo no filme Lawrence da Arábia. No geral, esse Patrimônio da UNESCO - árido, desértico, imponente e avermelhado - virou mesmo o Planeta Vermelho e aqui qualquer semelhança não é mera coincidência. Wadi Rum é um lugar para se sentir em Marte, sem sair da Terra. (Imagem: Flickr_ Miriam Mezzera)