Além da Americanas: Lemann e sócios já viveram outros escândalos financeiros
Lemann, junto de Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira é fundador da 3G Capital;
Para analistas, não há como trio não saber dos problemas da Americanas;
Desde quase falência do Banco Garantia à acordo com CVM americana, trio de investidores tem histórico de problemas contábeis.
Após a descoberta de "inconsistências contábeis" no balanço da Americanas, que resultaram no pedido de recuperação judicial da varejista com uma dívida de R$ 43 bilhões, os brasileiros passaram a ver com olhos mais críticos a história de Jorge Paulo Lemann e seus sócios na 3G Capital, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Os três foram controladores durante quatro décadas da Americanas, abandonando a posição do controle societário em 2021 para se tornarem "acionistas de referência". Analistas afirmam que pelo tamanho dos problemas, não havia como a diretoria da empresa e seus sócios não saberem do rombo. No entanto, Lemann mantém a posição de que ele e seus sócios desconheciam o rombo. “Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal", disse.
O trio, que compõem a lista de homens mais ricos do Brasil, sempre foram tidos como investidores de sucesso e executivos afiados. Entretanto, com as suspeitas de manobras de má-fé na Americanas, o histórico dos empresários passou a ser examinado de forma mais crítica. Lemann, Telles e Sicupira já estiveram envolvidos em diversos escândalos financeiros, confira:
Banco Garantia
Em 1998 o banco Garantia, criado pelo trio nos anos 1970, quase faliu. Marcado pela "gestão ousada" dos seus donos, a instituição financeira teve de ser vendida ao Credit Suisse First Boston para evitar seu fracasso.
Cosan/ALL
A América Latina Logística (ALL) foi uma empresa brasileira concessionária de ferrovias no Brasil e na Argentina, responsável pelo tráfego de 75% do PIB do Mercosul.
Segundo a Cosan, que adquiriu a empresa das mãos do grupo da 3G Capital em 2014, a impressão era de que Lemann e seus sócios haviam parado de manter a malha ferroviária há 10 anos devido ao estado de destruição que ela se encontrava. A Cosan alegou também práticas fraudulentas para inflar os resultados.
Kraft Heinz
O trio se uniu ao megainvestidor Warren Buffett para comprar a marca de ketchup Heinz, aliando a empresa, em 2015, a gigante de alimentos Kraft, criando a Kraft Heinz. No entanto, em 2021 os sócios tiveram que entrar em um acordo com a SEC, a CVM americana, para acabar com uma investigação sobre má-conduta contábil na empresa entre 2015 e 2018, pagando uma multa de US$ 62 milhões.
Stone
Também em 2021, a Stone, startup unicórnio do setor de pagamentos cujo grupo possui 4%, se viu com problemas em concessão de crédito devido a "erros de experiência com recebíveis", segundo o próprio CEO da empresa. No mesmo ano a empresa viu seu valor de mercado derreter 80%.